O novo Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) desejou hoje maior colaboração com outras forças e serviços de segurança e de informações e recusou "lamentações" pela escassez orçamental para "construir as Forças Armadas do futuro".
O almirante António Silva Ribeiro, 60 anos e antigo Chefe do Estado-Maior da Armada que substituiu o general Artur Pina Monteiro no cargo, discursava na cerimónia de boas-vindas às funções no Forte do Bom Sucesso, onde funciona o Museu do Combatente, junto à Torre de Belém, Lisboa.
"Aprofundar as relações de cooperação com as forças e serviços de segurança e estabelecer mecanismos de articulação operacional entre o CISMIL (Centro de Informações e Segurança Militares) e o SIRP (Sistema de Informações da República Portuguesa)", foi um dos objetivos elencados pelo responsável para o seu mandato.
O Presidente da República e Chefe Supremo das Forças Armadas (FA), defendeu na quinta-feira uma investigação "mais longe e a fundo" aos casos que envolveram as FA nos últimos tempos, como o do desaparecimento de armamento do paiol de Tancos, em Junho de 2017, quando conferiu posse ao novo CEMGFA, no Palácio de Belém.
"É, igualmente necessário, ser contra o espírito de desconfiança e de hipercriticismo doentio que tudo perturba e destrói. Para além disso, devemos estar atentos e ser cordiais com os nossos interlocutores. Também necessitamos de ser diligentes face às questões que nos colocam, pois apenas assim poderemos manter as FA prestigiadas e coesas", afirmou hoje o CEMGFA.
O novo responsável militar defendera antes que as "atitudes no EMGFA precisam de continuar a ser reguladas, por um forte espírito de serviço público (...) e também ter o deliberado propósito de não alimentar paixões ou animosidades pessoais ou corporativas, de tratar com objetividade e rigor os problemas, e de manter a permanente atmosfera de equidade e dignidade".
"Começo por referir que são bem conhecidas as dificuldades decorrentes da escassez de recursos financeiros. É uma realidade evidente a todos, relativamente à qual, face às circunstâncias do país, de nada nos servem lamentações sobre os males atuais, ou esperanças vãs por reforços súbitos do orçamento, porque estas duas posturas levam ao adiar das decisões, à degradação dos meios materiais e à desmotivação do pessoal", disse.
Entre os muitos desafios enumerados pelo almirante Silva Ribeiro constam "otimizar o apoio das FA na resposta a emergências civis, com um foco muito especial no combate e prevenção dos fogos rurais" e "afirmar Portugal como coprodutor de segurança internacional".
O CEMGFA pretende ainda "modernizar as capacidades operacionais, aproveitando a revisão da Lei de Programação Militar em 2018", "garantir as condições para a entrada em funcionamento da Academia de Comunicações e Informação da NATO, em Oeiras", "reforçar a capacidade de ciberdefesa nacional", "melhorar o Sistema de Saúde Militar e robustecer a capacidade do Hospital das Forças Armadas", além de "dinamizar o Instituto Universitário Militar".
À chegada, o antigo CEMA foi brindado com as protocolares honras militares, como o hino da Maria da Fonte e 19 salvas de artilharia da fragata Corte-Real, fundeada ao largo do rio Tejo, seguindo-se a revista à parada: banda da Armada, pelotão de fuzileiros, pelotão da brigada mecanizada (Exército), pelotão do grupo de formação técnica (Força Aérea), os quais desfilaram após a alocução e antes da deposição de uma coroa de flores junto ao Monumento aos Combatentes.