Chefes do serviço de urgência do Hospital São Francisco Xavier apresentam demissão

por RTP
Rick Morais - Wikimedia Commons

Os chefes de equipa do serviço de urgência do Hospital São Francisco Xavier anunciaram a demissão esta sexta-feira, numa carta enviada ao Conselho de Administração e à Direção do Serviço de Urgência Geral do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO). Em causa estão as escalas do mês de agosto.

Segundo a carta enviada por um grupo de assistentes hospitalares de medicina interna, a que a Lusa teve acesso, em causa está o planeamento da escala do mês de agosto, que, segundo os chefes da equipa da urgência, não garante a segurança dos utentes e profissionais.

De acordo com a carta, a escala para o próximo mês prevê que a constituição das equipas do serviço de urgência geral (SUG) seja assegurada apenas por um assistente hospitalar (com função de chefia) e um interno de formação geral.

"Não estarão garantidas a capacidade de assistência e cuidados às pessoas que recorrem ao SUG do CHLO nem a segurança destas e dos profissionais que as assistem. Nesse sentido, concretizando-se este planeamento e a constituição das equipas nele proposta, o grupo apresentará a sua demissão em bloco da função de chefia do SUG, a aplicar a partir do mês de agosto", pode ler-se na carta. Fonte do CHLO avançou à Lusa que está prevista esta tarde uma reunião entre os profissionais e o Conselho de Administração do CHLO.

Só depois deste encontro é que será tomada uma posição pública da administração sobre o anunciado pedido de demissão dos chefes do serviço de urgência do Hospital São Francisco Xavier.

Os profissionais de saúde manifestaram “profundo desagrado e indignação” relativamente a esta situação, lembrando que “a crise que vive o SUG é antiga e tem-se vindo a agravar progressivamente” e exigiram uma “mudança radical e urgente” da Direção do Serviço de Urgência (DSU) e do Conselho de Administração do CHLO.

Os profissionais de saúde descreveram a escala como “imensamente desadequada, não só perante a afluência diária de utentes ao SU [serviço de urgência], mas também pela necessidade mantida de repartição da equipa médica em dois circuitos (doentes com queixas respiratórias e não respiratórias)”.


Os 19 profissionais que assinaram a carta referem que “a composição proposta tem, ainda, implicações diretas e significativas na formação médica geral e especializada, que fica assim posta em causa”.

À agência Lusa, uma outra fonte ligada aos médicos revelou também que mais de 20 profissionais de saúde vão entrar esta sexta-feira minutas de isenção de responsabilidade, remetendo-a para o Conselho de Administração face aos problemas na constituição das equipas do serviço de urgência. 

O anúncio de demissão ocorre numa altura de intensos contrangimentos nas urgências de vários hospitais do país. O Hospital São Francisco Xavier é um deles, tendo encerrado o bloco de partos às 9h00 desta sexta-feira por falta de obstetras, reabrindo sábado à mesma hora. No fim de semana, esta unidade voltará a fechar durante as noites e madrugadas.

c/ Lusa

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