Confirmados sete casos de sarampo em surto a norte

por Carlos Santos Neves - RTP
Os cinco novos casos confirmados esta quarta-feira são todos de profissionais ligados ao Hospital de Santo António, no Porto Lucy Nicholson - Reuters

A diretora-geral da Saúde adiantou esta quarta-feira que estão confirmados sete casos de sarampo no norte do país. Graça Freitas, que fala já de um surto, indicou ainda que há até agora registo de 32 situações suspeitas.

Graça Freitas confirmou o novo balanço em entrevista à RTP3. Os cinco novos casos são todos de profissionais ligados ao Hospital de Santo António, no Porto.A DGS recorda que se trata de uma das doenças infecciosas mais contagiosas, que pode degenerar em doença grave. Lembra também que há atualmente surtos de sarampo em países europeus com comunidades sem vacinação.

"Em relação ao Hospital de Santo António, tenho uma atualização a fazer. É que neste momento existem identificados como casos suspeitos, ou seja, têm sintomas que podem ser sarampo, 32 pessoas. Dessas, oito já temos resultados analíticos, três negativos e cinco positivos. No entanto, as análises vão ser repetidas e pode ainda haver uma alteração destes números", explicou a responsável.

"Em relação aos outros doentes, estão todos a ser investigados, estão todos muito bem acompanhados, clinicamente. Três estão internados, mas em situação clínica estável", acrescentou.

Até ao momento, indicou a diretora-geral da Saúde, não há casos suspeitos em utentes do Hospital de Santo António. Mas Graça Freitas não excluiu essa possibilidade.

"As pessoas que contactaram doentes ou que apresentem sintomas por favor não se dirijam diretamente a uma urgência hospitalar ou centro de saúde. Devem contactar o SNS24, que é o 808242424, ou o seu médico assistente ou enfermeira de família, ou outro profissional de saúde, para poderem ser devidamente encaminhados, uma vez que a doença é altamente contagiosa e, se forem diretamente para uma sala de espera de uma urgência, podem contagiar outras pessoas", acentuou a diretora-geral, que aconselhou também à verificação e consequente atualização do "estado vacinal", se tal for necessário.

"Nós temos quer o dispositivo de saúde pública, quer o dispositivo clínico alerta, para o diagnóstico, para o tratamento, para o isolamento dos doentes e obviamente para as medidas de saúde pública para controlarmos este surto com a rapidez possível, tratando-se de uma doença altamente contagiosa", vincou.
Os primeiros casos

A DGS anunciara na terça-feira terem sido notificados, na região norte, dois casos de sarampo, havendo outros doentes com sinais e sintomas.

Também o Hospital de Santo António havia confirmado, no mesmo dia, o internamento de um profissional por suspeita de sarampo. Os resultados das análises entretanto realizadas foram agora divulgados. A mesma unidade hospitalar adiantara que haviam sido anotadas duas dezenas de casos suspeitos, “todos em profissionais”.

O primeiro caso confirmado a norte é o de um homem de 27 anos, cujos sintomas iniciais remontam ao final de fevereiro. O diagnóstico foi feito a 2 de março, com ligação epidemiológica a França, segundo a Direção-Geral da Saúde. O homem encontra-se já clinicamente curado.

O segundo caso confirmado de sarampo é o de um homem de 43 anos, que teve os primeiros sintomas a 6 de março e o diagnóstico clínico na passada segunda-feira. Encontra-se internado e estável.

O sarampo é uma doença altamente contagiosa provocada por um vírus. Propaga-se, geralmente, pelo contacto direto com secreções nasais ou da faringe e por via aérea. A infeção manifesta-se pelo aparecimento de pequenos pontos brancos na mucosa oral, um ou dois dias antes de surgirem erupções cutâneas - inicialmente no rosto.

O período de incubação pode oscilar entre os sete e os 21 dias e o contágio acontece quatro dias antes e quatro dias depois de aparecer o exantema. O sarampo tem habitualmente uma evolução benigna. Todavia, pode degenerar em complicações como otite média, pneumonia, convulsões febris e encefalites. Pode assumir proporções graves e até causar a morte. A doença tende a ser mais grave nos adultos.

c/ Lusa
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