Constituídos quatro arguidos no processo de Pedrógão

por RTP
Reuters

O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Coimbra adiantou esta quarta-feira que foram constituídos quatro arguidos no âmbito do inquérito sobre alegadas irregularidades na gestão de fundos para reconstrução das habitações atingidas pelos incêndios de Pedrógão Grande.

Os quatro arguidos, que se encontram sujeitos à medida de coação de termo de identidade e residência, são requerentes de apoios para a reconstrução de casas.

De acordo com o DIAP, “em investigação estão factos suscetíveis de integrarem os crimes de corrupção, participação económica em negócio, burla qualificada e falsificação de documento”.

O DIAP está responsável pela investigação "com a coadjuvação da Polícia Judiciária". O processo encontra-se em segredo de justiça.

Em comunicado, o presidente da Câmara de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, declarou que “as últimas semanas têm sido férteis em especulações, mentiras e manipulações visando desacreditar todo o trabalho desenvolvido no âmbito do Fundo Revita”, o Fundo de Apoio às Populações e à Revitalização das Áreas Afetadas pelos incêndios.

Para “permitir uma total independência de análise no seio do Fundo Revita”, Valdemar Alves anunciou a sua intenção de sair deste órgão, assim como da Coordenação da Comissão Técnica do mesmo.

“Pretendo com estas decisões evitar o ruído que se instalou e contribuir para a celeridade e transparência de todo este processo”, concluiu.
Bruno Gomes afastado
Valdemar Alves optou também por substituir Bruno Gomes, antigo vereador e técnico do município que coordenava o gabinete responsável pelos processos de reconstrução de casas destruídas pelo fogo e que tinha assento na comissão técnica do Revita.

Em causa está a polémica sobre casas que não eram de primeira habitação que foram alvo de obras, em detrimento de outros casos mais urgentes. Alegadamente, casas que não chegaram a arder também foram reconstruídas com fundos solidários.

A presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Ana Abrunhosa, disse não ter dúvidas sobre os procedimentos formais, mas, ainda assim, enviou para ao Ministério Público 21 processos para análise.

Valdemar Alves também negou estas acusações, mas enviou igualmente para análise um conjunto de processos.

No dia 12, a Polícia Judiciária realizou buscas na Câmara de Pedrógão Grande e também na Casa da Cultura, onde esteve sediado o gabinete que analisava os processos sobre a reconstrução das casas e que era coordenado por Bruno Gomes.

O incêndio que deflagrou em 17 de junho de 2017, em Escalos Fundeiros, concelho de Pedrógão Grande, e que alastrou depois a concelhos vizinhos, provocou 66 mortos e 253 feridos, sete deles com gravidade, tendo destruído cerca de 500 casas, 261 das quais eram habitações permanentes, e 50 empresas.

c/Lusa
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