Corte de água durante a noite "é uma hipótese teórica"

por Carlos Santos Neves - RTP
O ministro do Ambiente durante uma aula sobre a seca e a poupança de água dada na segunda-feira a alunos do primeiro ciclo na ETAR de Lever, em Vila Nova de Gaia Manuel Araújo - Lusa

O ministro do Ambiente admitiu esta terça-feira como “hipótese teórica” a suspensão do abastecimento de água, “durante a noite”, às populações de zonas mais atingidas pelos efeitos da seca. João Matos Fernandes sublinhou, todavia, que a decisão cabe às câmaras municipais.

Numa entrevista publicada na edição desta terça-feira do jornal i, o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, defendera já a via do racionamento da água “em períodos noturnos”.
O ministro do Ambiente referia ontem que o Governo estaria em “condições de honrar o compromisso de não faltar água na torneira de nenhum português”.
“Porque isso até teria vantagem de, em redes de municípios com perdas de água importantes, pelo menos no período noturno não perderiam água”, sustentou o secretário de Estado.

O próprio ministro do Ambiente veio entretanto confirmar que, para a tutela, o racionamento está nesta altura em cima da mesa, mas como “vaga possibilidade”. E esta será uma decisão a tomar pelos municípios.

“Admite-se a vaga possibilidade, em algumas autarquias – não é o Governo que aciona – onde há muitas perdas de água e em situações muito específicas, em sítios onde a água está mesmo quase, quase a faltar, durante algumas horas, é uma hipótese teórica, de suspensão dessa água durante a noite”, disse João Matos Fernandes em Évora.

Sandra Fernandes Pereira, Teresa Marques, Diana Bouça Nova, Ismael Marcos, Jorge C. Vieira - RTP

O Executivo aconselha as populações a tomar banhos mais rápidos e mais espaçados no tempo, a fazer uma utilização mais disciplinada dos sanitários, a não deixar a água a correr nas lavagens e a regar os jardins com água já usada.

A redução das pressões da água nas redes públicas é outra medida preconizada pelo titular da pasta do Ambiente.

“É de facto fundamental, porque ao reduzir a pressão aquilo que acontece é que o débito de água é menor e portanto gasta-se e consome-se menos”, apontou.
Seca extrema a severa
Segundo o índice meteorológico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, a 15 de novembro verificou-se um aumento da área em situação de seca extrema em todo o território de Portugal Continental.

A meio do mês cerca de seis por cento do território estava em seca severa e 94 por cento em seca extrema.

A norte, mais de 100 camiões-cisterna têm abastecido nos últimos dias a barragem de Fagilde, a partir da Aguieira, de forma a evitar a rutura do abastecimento a mais de 135 mil pessoas dos concelhos de Mangualde, Viseu, Nelas e Penalva do Castelo. É a maior operação de transporte de água de sempre no país.

Ainda segundo o IPMA, há previsões de chuva a partir desta quarta-feira na região norte, em quantidade ainda insuficiente, porém, para a situação das barragens.

“Amanhã vamos ter mais nebulosidade, principalmente nas regiões do litoral norte, precipitação fraca no Minho a partir do final da manhã. Vai intensificar-se e estender-se gradualmente às restantes regiões do litoral norte, portanto só mesmo no litoral norte”, explicou no Bom Dia Portugal Joana Sanches, do Instituto do Mar e da Atmosfera.

“Esta precipitação que possa ocorrer não irá ainda minorar os efeitos da seca que se está a sentir em todo o território", frisou.

c/ Lusa
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