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Costa pede explicações sobre “discrepâncias” no programa de integração de precários

por RTP
André Kosters - Lusa

O primeiro-ministro mandou os ministros das Finanças e do Trabalho apurarem, até meados da próxima semana, os motivos da diferença entre o número de candidaturas ao Programa de Regularização Extraordinária de Vínculos Precários da Administração Pública (PREVPAP) e os pareceres favoráveis. A Federação de Sindicatos da Função Pública já elogiou a atitude do Governo. O ministro do Trabalho diz que boa parte dos trabalhadores "que viram os processos não aprovados" já foram integrados fora do PREVPAP.

Tendo em conta que as comissões de avaliação bipartidária do Ministério das Finanças e do Trabalho receberam 33.478 trabalhadores requerimentos e apenas emitiram 13.594 pareceres positivos, António Costa decidiu pedir esclarecimentos.

“Importa apurar e esclarecer as causas e as razões que justificam essa diferença, designadamente, a possibilidade de existirem requerimentos apresentados que correspondam a situações não elegíveis de acordo com os critérios legalmente definidos”, bem como “ a eventualidade de estarem a ser indeferidos requerimentos que cumpram os critérios definidos”, lê-se no despacho do primeiro-ministro.

Os serviços dos Ministérios das Finanças e do Trabalho têm até quarta-feira para verificar os requerimentos indeferidos, bem como os fundamentos invocados. Para responder ao apelo do primeiro-ministro devem, depois analisar pareceres desfavoráveis e os motivos. Por fim, devem dizer claramente os “critérios concretos” utilizados por cada comissão, utilizados para distinguir as necessidades permanentes das temporárias, de modo a para determinar as situações em que o vínculo jurídico é considerado adequado.

Os serviços dos ministérios devem ainda fazer "a identificação das situações em que o dirigente máximo do órgão, serviço ou entidade do setor empresarial informou a CAB de que o trabalhador em causa não assegurava uma necessidade permanente dos serviços e a justificação apresentada para a manutenção do mesmo no exercício de funções".
Grande parte dos processos não aprovados são de trabalhadores já contratados 
"Uma grande parte daqueles que concorreram ao processo do PREVPAP e que viram os seus processos não aprovados tem a ver com o facto de serem pessoas que já têm contratação permanente com o Estado ou com outras instituições e, portanto, não se enquadravam no reguime de regularização", disse o ministro do Trabalho, "em primeira mão" à RTP.

Vieira da Silva garante que "o processo está muito avançado" e que deverá estar concluído ainda este ano.
Costa surpreendeu deputados ao abordar tema dos precários
No debate quinzenal no Parlamento, o primeiro-ministro referiu que estava "intrigado com a situação" e admitiu chamar à responsabilidade os dirigentes da administração pública que estão a indicar como necessidades permanentes nos seus serviços números inferiores aos dos contratados.

António Costa surpreendeu os deputados durante o debate quinzenal ao fazer alertas sobre os trabalhadores precários, questionando mesmo o papel dos dirigentes da administração pública. Ou “há pessoas que correspondem a necessidades efetivas e não estão a ser contratadas” ou “há responsabilidades de dirigentes que contrataram pessoas de que não necessitavam”, declarava.

No dia seguinte ao alerta sobre as “discrepâncias”, António Costa assinou o despacho em que dava oito dias úteis para os ministérios das Finanças e Trabalho entregarem uma “análise detalhada” às deliberações das Comissões de avaliação bipartida.

A diferença entre o número dos pedidos e das decisões pode ser explicada pelo facto de o PREVAP ainda não estar concluído, encontrando-se 20 mil requerimentos a aguardar resposta das comissões de avaliação. O Orçamento de Estado assume que o programa de regularização dos precários só estará concluído em 2019.
FESAP elogia atitude do Governo
“Valorizamos muito a iniciativa de querer avaliar todas as situações no que diz respeito a aos 33.500 requerimentos que deram entrada no PREVPAP, que foram analisados nas 17 comissões entretanto criadas”, comentou o secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP).

Em declarações à Antena 1, José Abraão lamentou o facto de a comissão coordenadora deste processo não reunir há quase seis meses.

“Achamos que é uma medida muito importante para que se possam ainda corrigir injustiças”, acrescentou.


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