Desconvocada greve dos juízes

por RTP
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A greve estava marcada para os dias 3 e 4 de outubro. A Associação Sindical dos Juízes Portugueses decidiu desconvocar o protesto devido ao que dizem ser uma "abertura clara da Assembleia da República" para discutir o Estatuto dos Juízes.

Numa nota enviada às redações, a decisão foi tomada no seguimento das audições realizadas com os diversos grupos parlamentares. "Com o sentido de responsabilidade que nos caracteriza, a ASJP informa que decidiu dar sem efeito a grave que convocou para os próximo dias 3 e 4 de outubro", avança o comunicado.

Em causa para a convocação do protesto tinha estado a discussão do Estatuto profissional, considerando na altura da convocação que o processo negocial com o Ministério da Justiça tinha terminado sem sucesso.

"A direção reuniu-se ontem [terça-feira] e estivemos a ponderar esta situação e concluímos pela desconvocação da greve. Entendemos que era melhor não a fazer nesta altura", adiantou à agência Lusa Manuela Paupério, presidente do sindicato, comentando que, "às vezes, é mais corajoso recuar do que persistir".

"É evidente que tínhamos razões para a greve, que continuam a ser válidas, mas perante esta abertura dos senhores deputados, que são quem tem competência para aprovar, vamos esperar efetivamente que honrem a palavra que nos deram de que o estatuto vai ser discutido por inteiro", sustentou a presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses

Manuela Paupério espera que as pretensões de os juízes de terem "uma carreira que permita a progressão e que seja atrativa para os melhores" tenham "tradução no estatuto que vai ser aprovado".

"Foi isto que nos foi dito pelos senhores deputados" e, em função disso, entendemos que a desconvocação da greve era "a decisão mais ajustada".

A estrutura sindical esteve reunida na terça-feira com o grupo parlamentar do PS, tendo Manuela Paupério afirmado que observou "grande abertura" dos deputados para "discutir integralmente" o estatuto dos juízes.

Quando anunciou a greve, a 08 de setembro passado, a ASJP referiu que, não obstante toda a abertura e sentido de responsabilidade demonstrados, "o Governo continua a desconsiderar os juízes com o seu ruidoso silêncio".
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