DGS acredita que surto de legionella partiu de torre de arrefecimento

por RTP
"Há uma concordância entre estirpes das legionellas presentes na água que estão numa das torres e as estirpes das secreções dos doentes" António Cotrim - Lusa

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, estimou esta quinta-feira que a fonte do surto da doença do legionário no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, foi "pelo menos uma das torres" de arrefecimento da unidade.

Ouvida pela agência Lusa, Graça Freitas adiantou que o Instituto Nacional de Saúde pôde já apurar que as bactérias das secreções dos doentes pertencem à mesma estirpe daquelas que foram detetadas na água de uma das torres de arrefecimento do Hospital São Francisco Xavier. O relatório preliminar sobre o surto de legionella foi entregue na quarta-feira ao Ministério Público.

"Há uma concordância entre estirpes das legionellas presentes na água que estão numa das torres e as estirpes das secreções dos doentes", explicou a diretora-geral da Saúde, sem deixar de ressalvar que o INSA está a proceder a análises adicionais.

"Podemos com um elevadíssimo grau de probabilidade dizer que foi a água de pelo menos uma das torres que terá provocado o surto, uma vez que a bactéria que estava na água é geneticamente indistinguível à que estava presente nas secreções dos doentes", acentuou.

Na quarta-feira, em conferência de imprensa, Graça Freitas havia afirmado que a fonte da infeção se encontrava no perímetro do hospital, sem todavia referir as torres de arrefecimento.

A agência de notícias quis saber se as autoridades sanitárias chegaram a equacionar o fecho do Hospital São Francisco Xavier. Graça Freitas respondeu que tal medida não esteve sobre a mesa, uma vez que foram rapidamente destacadas equipas para aquela unidade hospitalar da capital e encerradas as torres de arrefecimento.

“Interrompendo a transmissão possível, encerrando a fonte, o risco deixa de estar presente e não havia motivo, depois da intervenção, para encerrar o hospital”, sustentou.
“Algum tipo de falha”
Graça Freitas recordou que as operações de manutenção, controlo e vigilância das torres de arrefecimento do Hospital São Francisco Xavier cabiam a uma empresa. Impõe-se agora, segundo a responsável, “perceber o que se passou”.

“Estas torres de arrefecimento têm uma manutenção, uma vigilância e um controlo feitas por uma empresa e o hospital tinha com essa empresa um contrato válido e confiou que o trabalho teria correspondido a um processo de controlo e vigilância que não conduzisse a um problema destes”, vincou.

“Alguma coisa aconteceu neste processo que levou a uma proliferação anormalmente elevada da bactéria”, reforçou a diretora-geral da Saúde, acrescentando que ocorreu “algum tipo de falha em procedimentos ou falha técnica”.

“Ao nível de quem é responsável pelas torres de arrefecimento terão outras linhas de investigação que perceber o que se passou. Aconteceu aqui uma falha na vigilância, monitorização e controlo e havendo uma empresa responsável terá de ser investigada noutra sede que não a da saúde pública”, insistiu.
“Avaliação de risco”
A bactéria em causa, enfatizou Graça Freiras, é resistente e “traiçoeira”, pelo que deve ser “bem vigiada e controlada”.

“Há aqui uma avaliação de risco que quem toma conta desses sistemas tem de fazer. Os gestores dos sistemas, das torres e das canalizações, neste caso uma empresa que tinha contrato válido, tem responsabilidade de fazer avaliação do risco”, notou.

Numa nota de esclarecimento ontem conhecida, a empresa de climatização Veolia Portugal garantia que haviam sido “tomadas as medidas adequadas” para travar “a possível fonte de transmissão” da legionella no Hospital São Francisco Xavier.

Ainda de acordo com Graça Freitas, ao final da tarde desta quinta-feira não havia registo de novos casos da doença.

“Por vezes existe algum atraso entre o início de sintomas e a data de diagnóstico. O caso que foi diagnosticado ontem, dia 15, já tinha sintomas no dia 13”, salientou.

São nesta altura 54 os casos confirmados de infeção por legionella. Cinco dos doentes morreram.

c/ Lusa

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