O Diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas considerou hoje que os dados europeus que destacam o desempenho positivo de Portugal na área oncológica fortalecem o SNS como "uma das grandes conquistas" da democracia e honram o país.
José Dinis comentava à agência Lusa os dados sobre os Perfis Nacionais de Cancro 2023 do Registo Europeu de Desigualdades do Cancro, hoje divulgados, segundo os quais Portugal tem um dos mais baixos custos `per capita` com cuidados oncológicos da União Europeia, apesar de as taxas de sobrevivência para os cancros mais comuns serem superiores às médias da UE.
A análise do Registo Europeu de Desigualdades do Cancro relativa a Portugal atribui parte da discrepância à existência de uma "rede consolidada de centros de referência e à disponibilidade de medicamentos e tratamentos gratuitos".
Ressalvando que não conhece o estudo, o diretor do programa da Direção-Geral da Saúde disse que "a sensibilidade" de quem está no terreno vai ao encontro destes resultados.
"Nós, portugueses, às vezes, desdenhamos daquilo que temos, mas isto [estes resultados] só vem fortalecer o sistema nacional de saúde como uma das grandes conquistas depois do 25 de Abril e [o trabalho] está a dar frutos", salientou o oncologista.
José Dinis sublinhou que estes dados honram o país: "Como português sinto-me muito honrado e [estamos] a trabalhar para não ficarmos sentados à luz desses resultados. Temos muito que fazer, porque nós somos ambiciosos e temos que ter melhorias e de certeza temos neste momento, que é um facto, a Europa a olhar para nós. Isto de fazer muito com pouco não há muita gente".
Segundo o Perfil Nacional de Cancro, nos casos da leucemia infantil ou dos cancros da próstata, mama, colo do útero, cólon e pulmão - os mais comuns -, o desempenho de Portugal é superior à média da UE, com base nos dados mais recentes disponíveis, os diagnosticados entre 2010 e 2014, o que está relacionado com a melhoria dos cuidados com a doença, "principalmente em termos de deteção precoce e acesso a tratamentos inovadores".
José Dinis adiantou que o programa que coordena da Direção-Geral da Saúde está a trabalhar para que Portugal consiga fornecer dados "muito mais atuais aos registos europeus", mas, afirmou, "seja como for é uma notícia que nos enche de orgulho".
Relativamente ao facto do estudo apontar que na última década tem sido pequena a diminuição das taxas de mortalidade por cancro, que é a segunda causa de morte em Portugal, a seguir às doenças cardiovasculares, José Dinis assinalou a probabilidade do aparecimento da doença oncológica aumenta com o envelhecimento da população.
"As doenças cardiovasculares é que diminuíram muito, porque houve medidas de grande impacto na diminuição da doença cardiovascular como, por exemplo, o aparecimento das estatinas há uns anos e depois o aparecimento das vias verdes coronárias, as vias verdes do AVC, as campanhas para a prevenção do risco. Isto está a dar frutos".
Pelo contrário, à medida que a idade avança o cancro aumenta a probabilidade de aparecer.
José Dinis disse ainda esperar que a Estratégia Nacional de Luta Contra o Cancro 2021-2030, que aguarda a aprovação do Ministério da Saúde, conduza o país a manter "uma posição tão boa" como a divulgada hoje no estudo, porque, disse, "a responsabilidade é grande quando estamos na linha da frente".