Diretora do Panteão Nacional recusa demitir-se apesar do jantar polémico

por RTP
Reuters

A diretora do Panteão Nacional recusa demitir-se apesar da polémica sobre a realização de um jantar da Web Summit naquele local. Em declarações ao jornal Público, Isabel Melo explica que o jantar foi autorizado pela Direção-Geral do Património Cultural e que “não há corpos” na sala onde decorreu a festa.

A responsável pelo Panteão Nacional indica ainda que “o que aconteceu na sexta-feira foi um jantar entre outros que se realizam aqui”, sublinhando que cumprem “o regulamento que está em vigor”.

Isabel Melo recusa comentar se aquele local é adequado para um evento desta natureza. “Há um regulamento feito por quem de direito e nós cumprimos esse regulamento”, especifica. A responsável sublinha ainda que não existem restos mortais naquela sala.

“Há sempre essa confusão. Sempre que há algum evento aqui no corpo central, as salas tumulares estão todas fechadas”, explicou. No corpo central do Panteão Nacional existem “apenas homenagens”, especifica.

Esta é a primeira reação da responsável do Panteão Nacional depois de ter sido revelado que, na última sexta-feira, um jantar da Web Summit decorreu naquele espaço. Contactada pela RTP, a diretora confirmou que não considera haver motivos para se demitir.

A festividade mereceu a crítica do primeiro-ministro, que a considerou “absolutamente indigna do respeito devido à memória dos que aí honramos”. O Executivo pretende ainda impedir a realização de festas naquele monumento.
Paddy pede desculpa
A proibição da realização deste tipo de eventos beneficia ainda da concordância do Presidente da República. Este sábado, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que “nem o jantar mais importante de Estado” pode ali decorrer.

O responsável pela Web Summit pediu já desculpa por este evento na rede social Twitter. Paddy Cosgrave explicou que é irlandês e que tem por isso uma abordagem diferente em relação à morte. “Os irlandeses celebram a morte”, diz Paddy.

O presidente executivo da Web Summit garantiu ainda que adora Portugal, como se fosse a segunda casa, e que nunca faria nada para ofender os grandes heróis do passado de Portugal.

Este jantar tornou-se já arma no combate político, depois de o Governo ter indicado que este evento foi permitido por um regulamento aprovado pelo Executivo de Pedro Passos Coelho. O PSD admite que foi o Executivo anterior que aprovou a lei, mas sublinha que foi o atual Governo que autorizou o jantar. O CDS acusa o Executivo de António Costa de nunca assumir responsabilidade pelo que corre mal.

Apesar da polémica, este não foi o primeiro evento do género a realizar-se no Panteão Nacional. Recentemente, um jantar de homenagem a trabalhadores da empresa pública NAV ocorreu nesse local.
pub