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Dono da pedreira “descarta todas as responsabilidades”

por RTP
Nuno Veiga - Lusa

Jorge Plácido, proprietário da pedreira onde estão as vítimas do desabamento da estrada municipal 255, descarta “completamente todas as responsabilidades”.

“Eu fiz as pregagens todas que me mandaram. E fiz todos os estudos que me mandaram, que não foram propriamente baratos, e podia ter fugido e dizer não faço esses estudos. Faço-os à minha maneira. Mas não. Quis que viessem pessoas especializadas para fazer esses estudos. Para me dizerem que a pedreira está segura para trabalhar”, afirmou o dono da pedreira à RTP.

Segundo Jorge Plácido, se a pedreira não tivesse segurança para trabalhar “não tinha licença de exploração”.


“Eu quis fazer tudo e fiz tudo dentro da legalidade. Chamei a pessoa mais credível para fazer este estudo. E tudo o que eu disse para fazer em termos de segurança foi feito. Por isso, da minha parte, descarto todas as responsabilidades. Se tivesse responsabilidades, assumia”.
Para o proprietário, “agora é fácil. Como se diz aqui no Alentejo ‘sacudir a água do capote’”.


A pedreira estava desativada há mais de um ano e os estudos não indicavam que a estrada iria ruir.

Jorge Plácido acrescenta que as autoridades tinham sido alertadas “para o estado em que a estrada estava”.

“Eu tinha a pedreira em funcionamento. E nós alertamos essa situação porque tínhamos medo que isto viesse a acontecer. Apesar de eu ter todos os estudos feitos para segurança dessa pedreira. E fiz tudo o que me mandaram em termos de segurança”, frisou.

Segundo o dono da pedreira, um estudo realizado pelo Instituto Superior Técnico sugeriu “fazermos todos umas garimpagens, como se faz nas minas, para estabilização do talude. Tudo isso foi feito em segurança”.

“Mas em todo o caso alertamos para essa situação. Porque isto são pontos praticamente de pedreira para pedreira. E isso dava-nos um pouco de medo porque tínhamos trabalhadores, na altura, a trabalhar nestas pedreiras. Neste momento estava mais descansado porque tenho a pedreira inativa”, sublinhou.
Procuramos trabalhar em segurança
Também Luís Sotto Mayor, proprietário de uma pedreira no local do desabamento da estrada, descarta qualquer responsabilidade no acidente.

“Apesar de trabalharmos em segurança, procurarmos trabalhar em segurança. A questão da estrada da maneira que estava, e aos anos que estava, era uma questão de risco. E nós como queríamos trabalhar em segurança, alertamos a câmara, juntamente com as entidades responsáveis. Numa hipótese de se cortar esta estrada”.

Para Luís Sotto Mayor, “agora é difícil estar a dizer que a responsabilidade e deste ou de outro. Eu acho que a responsabilidade é de não se ter feito nada”.

“Com o alerta podia-se ter evitado esta situação. E não se fez nada”.
Avaliação do terreno

As autoridades estiveram hoje de manhã a fazer uma "avaliação no terreno" sobre as condições de segurança para o resgate das vítimas do deslizamento de terras para uma pedreira, em Borba, disse à Lusa fonte da Proteção Civil.
O aluimento de um troço da estrada 255, no percurso entre Borba e Vila Viçosa, provocou também a queda de dois veículos civis, um ligeiro e uma carrinha de caixa aberta, para dentro da pedreira, "com 50 metros de profundidade".

A fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Évora adiantou que o objetivo é "haver condições de segurança" para a realização das operações de resgate das vítimas.

Fontes das GNR e dos bombeiros adiantaram também à Lusa que, durante a madrugada de hoje, se registaram novos deslizamentos de terras no local, por os terrenos estarem "instáveis".

As operações envolviam, cerca das 10h00 de hoje, 47 operacionais e 24 viaturas, entre bombeiros, Força Especial de Bombeiros (FEB), serviço Municipal de Proteção Civil, GNR, Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), Exército e Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).

O deslizamento de terras da estrada que ruiu para uma pedreira, na tarde de segunda-feira, provocou, pelo menos, dois mortos, segundo o Comandante Distrital de Operações de Socorro (CODIS) de Évora, José Ribeiro.

Trata-se, segundo o responsável, de dois operários da empresa que explora a pedreira.
Engenheiros do Exército avaliam segurança
Três engenheiros do Exército encontram-se em Borba a participar na avaliação das condições de segurança para as operações de resgate das vítimas do deslizamento de terras, disse hoje à Lusa a porta-voz daquele ramo das Forças Armadas.

“Recebemos uma solicitação da Autoridade Nacional de Proteção Civil para enviar para o local especialistas de engenharia, que pudessem fazer uma avaliação técnica das condições de segurança para apoiar futuras operações de busca”, disse a major Elisabete Silva.

A equipa de três oficiais do Regimento de Engenharia número 1 encontra-se “desde manhã cedo” em Borba a realizar a avaliação técnica, juntamente com outras entidades no terreno, acrescentou a porta-voz do Exército.

“Até ao momento, não tivemos nenhum pedido de apoio nas operações de busca em si”, referiu igualmente a major Elisabete Silva.

C/Lusa

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