Estado não vai entregar mais crianças a famílias de acolhimento

por RTP
Nuno Patrício - RTP

O Estado não vai entregar mais crianças que são retiradas aos pais a famílias de acolhimento, pelo menos até existirem meios de fiscalização. A solução é a recomendada pela lei, mas o Governo pretende continuar a dar prioridade às instituições, para evitar riscos para as crianças.

A secretária de Estado considerou que "há uma aposta a fazer em diversas áreas, nomeadamente ao nível do acolhimento familiar", explicando que o Governo quer fazê-lo, mas só o pode "fazer de uma forma segura conseguindo reforçar as equipas que estão no terreno a fiscalizar e a supervisionar este acolhimento".

"Não podemos de forma alguma assumir responsabilidade ou correr o risco de tirar uma criança para a colocar numa situação de ainda maior risco do que aquela em que estava e nesse sentido é que tem vindo a ser feito o trabalho que temos desenvolvido", frisou.
Existem atualmente 178 famílias de acolhimento, registando-se uma diminuição de 73% na última década. Só 3% dos menores que estavam à guarda do Estado em 2017 estavam com estas famílias de acolhimento, de acordo com o Público.



A secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência considerou "muito positivos" os números do relatório 'Casa 2017', revelados esta segunda-feria, que indicam que a quantidade de jovens em risco acolhidos em famílias ou instituições desceu no ano passado.

O documento refere que o número de crianças e jovens em perigo acolhidos em famílias ou instituições desceu em 2017, uma tendência constante na última década, registando-se 7.553 em acolhimento e 2.857 que sairão dessa situação no ano passado.

Ao comentar estes números constantes desta 14.ª edição do relatório, a secretária de Estado Ana Sofia Antunes considerou-os "muito positivos, não só porque baixam", mas porque fazem sentir "que nos últimos três anos foi possível apostar em algumas áreas que parece que estão a mostrar resultados".

A governante destacou "o reforço da formação de técnicos das CPCJ (Comissões de Proteção de Crianças e Jovens)", bem como "o reforço do trabalho em família, através de uma lógica de parentalidade positiva".

"Parece-nos que com estes números, (as decisões) estão a começar a dar alguns resultados e nesse sentido ficamos contentes. Não embandeiramos em arco, achando que daqui em diante todos os problemas do sistema estão resolvidos, nem pouco mais ou menos", vincou.

Relativamente à diminuição do número de casos de crianças e jovens acolhidos em famílias ou instituições, Ana Sofia Antunes disse que significa que estão a ser "concluídos processos" que espera serem bem sucedidos no futuro, para que as crianças e os jovens nesta situação "consigam obter ferramentas de autonomização e viver a sua vida de forma mais autónoma e bem sucedida".

"Acima de tudo estamos a encaminhar menos jovens para o acolhimento, o que significa que estamos a conseguir trabalhar melhor, seja na fase de trabalho com a família em meio natural de vida, sem ser necessário chegar ao ponto de retirar e de levar para um lar de infância ou de juventude, ou para outra forma de acolhimento, seja porque estamos a começar também conseguir reforçar algum trabalho de prevenção para tentar evitar situações em que a sinalização possa vir a acontecer ou suponhamos que possa vir a acontecer", concluiu.


c/Lusa
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