Estudo defende sistema binário de universidades e politécnicos

por RTP
Rafael Marchante - Reuters

A Fundação Calouste Gulbenkian lança hoje um estudo sobre o futuro do Ensino Superior em Portugal. Coordenado pelo antigo ministro da Educação e antigo Presidente do Conselho Nacional de Educação, Júlio Pedrosa, este estudo defende um modelo binário de universidades e politécnicos, com fins e carreira de docentes distintas.

"Educação Superior em Portugal, Uma nova perspetiva", o estudo da Gulbenkian é apresentado hoje na Fundação e surgiu no seguimento de um estudo da Associação das Universidades Europeias.

O ex-ministro da Educação disse à Lusa que “houve um entendimento de que as conclusões desses estudos fossem avaliadas, aferidas, vistas com sentido critico”.

O estudo, realizado por Pedro Nuno Teixeira, Maria João Guardado Moreira e Artur Miguel Santoalha, partiu da análise da realidade das diferentes regiões do país, através de estudos demográficos, taxas de natalidade e qualificações de vários grupos etários.

Com esta análise os autores pretendiam identificar o tipo de rede existente e como é avaliada pelos diferentes grupos, quem procura educação superior em Portugal e comparar com sistemas idênticos da Holanda, Dinamarca, Finlândia e Irlanda.

O estudo conclui que esta estrutura de rede de educação superior é baseada num sistema binário, que diferencia instituições universitárias e politécnicas e que contribui para o desenvolvimento das regiões que acolhem estas instituições.

Este modelo cobre todo o território nacional, o que é uma vantagem para o desenvolvimento das regiões. No entanto, o estudo apela à clarificação das especificidades e missões de ambas as instituições, universidades e politécnicos, como os sistemas de financiamento e os estatutos de carreira dos docentes.

“A evidência recolhida nos casos de estudos internacionais, das audições aos grupos de interessados no país e da reconhecida diversidade cultural, social, económica e demográfica existente no território, sustenta que se preste também atenção à diferenciação na investigação desenvolvida nas instituições universitárias e nas instituições politécnicas e ao modo de financiamento”, escreveram os autores no livro.

As ofertas formativas e a sua adequação às necessidades socioeconómicas dos territórios necessitam de ajustamentos de forma a melhorar a capacidade de resposta à diversidade de contextos sociais, económicos e culturais do território nacional, de acordo com o estudo, requerendo, para isso, uma avaliação das ofertas formativas.

A qualificação da população foi um dos pontos analisados, considerando os vários grupos etários, e os resultados concluíram que a qualificação adulta é frágil. Uma vez que no grupo de pessoas entre os 25 e os 34 anos ainda se registam 40% com o máximo de 9.ºano de escolaridade, o estudo apela a mais investimento na formação deste grupo.

"Há uma recolha de toda a literatura científica desde a parte formativa até a investigação e internacionalização. Gostaríamos que se este estudo for para ser considerado era importante que o Conselho Coordenador do Ensino Superior e um grupo de missão a criar vissem como é que podemos aprofundar a rede de educação para responder às necessidades do país", disse Júlio Pedrosa à Lusa.
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