Ex-secretário de Estado critica Comissão Técnica Independente e aponta dados "falsos"

por RTP
Pedro Nunes - Reuters

Jorge Gomes, ex-secretário de Estado da Administração Interna, diz que não teve direito ao contraditório e por isso critica a Comissão Técnica Independente. O antigo responsável garante que há dados “falsos” no relatório sobre os meios de combate no terreno.

Jorge Gomes aponta o dedo ao ex- segundo comandante operacional da Autoridade Nacional de Proteção Civil, o tenente coronel Albino Tavares, acusando-o de ter transmitido aos elementos da Comissão Técnica Independente informações "falsas".

Insurge-se contra a Comissão Técnica Independente por esta não ter feito com ele o contraditório desta informação.

"O Estado e o Governo jamais retiraram meios quando são necessários. Nada do que aconteceu foi por falta de meios, tudo o que aconteceu foi porque não havia forma de conter a dimensão (dos fogos). Arderem dez mil campos de futebol numa hora, era essa a progressão do incêndio e não há meios aéreos e humanos, não há recursos nenhuns que consigam suster incêndios desses", sustentou.

Interrogado sobre se estava a dar a conferência de imprensa a título pessoal, Jorge Gomes respondeu: "Não me estou a defender a mim, porque, para me defender, tenho os meios próprios. Mas o Governo não foi ouvido neste contraditório. Esta foi uma decisão minha, porque fui eu quem fiz os despachos" em causa, justificou.

Jorge Gomes era, na altura, secretário de Estado da Administração Interna. Demitiu-se do Governo na sequência dos incêndios de 15 e 16 de outubro. É atualmente deputado pelo Partido Socialista.

A comissão que analisou os grandes incêndios rurais de 2017 entregou na terça-feira, no parlamento, o relatório dos fogos de outubro, envolvendo oito distritos das regiões Centro e Norte.

O documento conclui que falhou a capacidade de "previsão e programação" para "minimizar a extensão" do fogo na região Centro (onde ocorreram as mortes), perante as previsões meteorológicas de temperaturas elevadas e vento.

A junção de vários fatores meteorológicos, descreve, constituiu "o maior fenómeno piro-convectivo registado na Europa até ao momento e o maior do mundo em 2017, com uma média de 10 mil hectares ardidos por hora entre as 16h00 do dia 15 de Outubro e as 05h00 do dia 16".

Contudo, acrescenta, a Autoridade Nacional de Proteção Civil pediu um reforço de meios para combater estes incêndios devido às condições meteorológicas, mas não obteve "plena autorização a nível superior", e a atuação do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) foi "limitada" por falhas na rede de comunicações.

c/Lusa
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