Falhas no SIRESP "estão a ser superadas com antenas móveis"

por Sandra Salvado - RTP
Fotografia: Nuno André Ferreira - Lusa

O Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança em Portugal (SIRESP) continua a falhar e, por isso, os operacionais envolvido no combate aos incêndios têm recorrido a antenas móveis. A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) reitera que são falhas “pontuais” e “momentâneas”. Neste momento, há dois incêndios que mobilizam 1.463 operacionais, apoiados por 451 meios terrestres e 14 meios aéreos.

No balanço realizado ao início da tarde desta terça-feira, Rui Esteves, comandante operacional nacional da ANPC, explicou aos jornalistas que sempre que há uma grande concentração “de utilizações” o sistema tem falhas “momentâneas”.

“Essas falhas estão a ser superadas com as antenas móveis. Neste momento, estão duas antenas móveis [a funcionar], uma no incêndio de Castelo Branco, que está no momento a desenvolver-se no concelho de Vila Velha de Ródão e outra no concelho de Proença-a-Nova, para apoiar efetivamente essas falhas que são pontuais mas, claramente, minimizam essa situação”, explicou o responsável aos jornalistas.

O comandante adiantou ainda que esse facto não afetou a gestão dos meios no combate aos incêndios e referiu que, “a seu momento, tudo será esclarecido e naturalmente onde existirem situações em que é preciso melhoria essas melhorias serão introduzidas”.

A rede de comunicações de segurança e emergência do Estado já falhou em diversas situações. Os exemplos mais marcantes ocorreram no temporal de janeiro de 2013, num fogo que deflagrou em agosto de 2016 no concelho do Sardoal e no incêndio em Pedrógão Grande.
Dois incêndios preocupam
Os dois incêndios que continuam a preocupar mais as autoridades estão ativos no concelho da Sertã, informou a ANPC no último balanço. Num dos incêndios estão 1.041 operacionais, 326 meios terrestres, nove meios aéreos nacionais e dois meios aéreos de Espanha, que intervieram ao abrigo do acordo bilateral.

“Uma segunda ocorrência no concelho de Castelo Branco mobiliza 422 operacionais, 125 meios terrestres e três meios aéreos. Isto é, um total de 1463 operacionais, apoiados por 451 meios terrestres e 14 meios aéreos”.

De 1 de janeiro a 24 de julho foram registadas 7.795 ocorrências, com uma área queimada na ordem dos 75 mil hectares, segundo o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, citado pelo comandante operacional nacional Rui Esteves.

“Em relação aos anos de 2007 a 2016, estão muito acima da média, não só o número de ocorrências. A média é 7.200 para 7.900 e a área ardida muito acima daquilo que é a média do decénio. Apenas muito perto de 2012”.

Rui Esteves explicou que é necesário perceber a severidade meteorológica. “É claramente esta severidade que leva a que os incêndios, logo que se iniciam, se projetem para quilómetros de distância. Isto é, quando os meios chegam ao terreno já há várias projeções”.

Entre os fatores que condicionaram os últimos grandes incêndios destacam-se “a grande disponibilidade de combustível, face à elevada secura dos combustíveis, mais de 90 por cento de disponibilidade; a grande quantidade de combustível acumulado; ocorrências de episódios com temperaturas muito elevadas, seguidas de episódios com ocorrências de ventos, moderados a fortes; ignições em vários locais de elevada perigosidade”.

O mesmo responsável operacional referiu ainda que é importante perceber que 70 por cento do território está em seca severa e, quando há combustíveis muito disponíveis e “há um perigo de incêndio a nível nacional com um percentil acima dos 95, é muito elevado”.

E acrescenta: “Estes dados não provocam ignições, mas quando surge uma ignição ela tem uma rápida propagação e a necessidade de trabalhos demorados e um rescaldo muito prolongado”.
Risco de incêndio "extremo"
Há uma grande concentração de índice de risco de incêndio nos próximos três dias. “Eu diria extremo em vários pontos do país, com uma propagação muito rápida”, vincou o responsável nacional da ANPC.

Várias aldeias estiveram também em risco no concelho de Mação devido a reacendimentos e novos focos de incêndio, com chamas a lavrar em várias freguesias.

Na segunda-feira, 135 habitantes tiveram de sair das suas residências por uma questão de segurança. E “o incêndio continua ativo com duas frentes e com muita intensidade”.

“[As pessoas] foram deslocalizadas. Encontram-se no centro desportivo do Carvoeiro, em Mação. O serviço municipal de Proteção Civil de Mação e os serviços sociais estão a avaliar a situação com os bombeiros e a GNR. Logo que haja condições de segurança regressam ao seu local de habitação. Sempre que se verifique a necessidade, por condições de segurança, retiramos as pessoas”, concluiu Rui Esteves.
pub