Fogos obrigam à evacuação de dezenas de aldeias em Mação

por RTP
Rafael Marchante - Reuters

Duas grandes frentes do incêndio mobilizavam mais de mil bombeiros ao início da noite e já obrigaram ao corte de várias estradas. O autarca de Mação fala numa situação “assustadora” e denuncia a falta de meios e operacionais no terreno. Jorge Gomes, secretário de Estado da Administração Interna reconhece que o rápido avanço das chamas surpreendeu os bombeiros.

Aldeias cercadas, estradas cortadas, um cenário “assustador”. Vasco Estrela, presidente da Câmara de Mação, queixa-se da falta de meios no combate às chamas e no apoio às populações. O autarca refere que a distribuição de meios no terreno não tem sido a mais eficaz.

“A situação é dramática, é dramático, é assustador o que está acontecer no nosso concelho”, refere o presidente da Câmara, que confirma ainda que várias habitações já foram atingidas pelas chamas. 

Vasco Estrela destaca a gravidade da situação em Envendos e em Vale do Junco, onde os bombeiros escasseiam no combate às chamas e várias povoações estão isoladas e desamparadas na proteção das habitações.

O autarca fala em “dezenas” de aldeias evacuadas. “Chega uma altura do dia em que já perdemos a conta à quantidade de aldeias que vamos evacuando”, confessou Vasco Estrela aos microfones na RTP.

O presidente da Câmara admitiu ainda “há possibilidade de o fogo chegar à vila de Mação”, caso o fogo continua a progredir com violência nas próximas horas. 
"Houve um problema"
Jorge Gomes, secretário de Estado da Administração Interna, chegou ao teatro de operações ao início da noite de terça-feira, onde pediu cautela com as palavras e negou que existisse qualquer falta de meios. 

O responsável acrescentou que os oito meios aéreos que foram mobilizados para o combate em Mação não conseguiram operar devido à nuvem de fumo que se impôs naquela região. 

Ainda assim, o secretário de Estado reconheceu que “houve um problema” com a distribuição de operacionais no terreno, dado o avanço veloz das chamas que se registou nas últimas horas.

A rapidez do incêndio surpreendeu e impossibilitou que os bombeiros estivessem junto de algumas povoações que precisaram de ajuda, admitiu o secretário de Estado. 

Para além das várias aldeias evacuadas, há pelo menos quatro estradas cortadas: A A23, entre Mouriscas e Gardete, a Estrada Nacional 241, até ao quilómetro 3 em Proença-a-Nova, a Estrada Nacional 3, entre os quilómetros 182 e 196 e ainda a Estrada Regional 351, que foi totalmente cortada junto à localidade de São Pedro do Esteval.

O incêndio que hoje consumiu a zona de Mação teve origem num outro incêndio que deflagrou na Sertã, no passado domingo, e que alcançou os concelhos circundantes no início da semana, com especial incidência em Mação e em Proença-a-Nova.

De acordo com a Proteção Civil, a área ardida este ano em Portugal é já a maior da última década. Até 24 de julho arderam mais de 75 mil hectares, o equivalente a 75 mil campos de futebol. Estas contas, que não contam com o avanço vertiginoso das chamas em Mação, resultam da soma de quase oito mil incêndios florestais desde o início do ano, uma média muito acima dos últimos 12 anos.
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