Greve dos enfermeiros pode levar ao adiamento de milhares de cirurgias

por RTP
Arquivo Reuters

Os enfermeiros iniciaram esta quinta-feira uma nova greve que vai durar mais de um mês. Desta vez, a paralisação é dirigida aos blocos operatórios, o que pode levar ao adiamento de milhares de cirurgias agendadas. O presidente do SINDEPOR considera a proposta apresentada pelo Governo de “absolutamente inegociável.

A greve cirúrgica, decretada pela Associação Sindical Portuguesa de Enfermeiros (ASPE) e pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (SINDEPOR), irá abranger o Centro Hospitalar Universitário de S. João, o Centro Hospitalar Universitário do Porto, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e o Centro Hospitalar de Setúbal.Os enfermeiros reivindicam uma carreira transversal a todos os tipos de contratos e uma remuneração adequada às suas funções, tendo em conta "a penosidade inerente ao exercício da profissão", segundo as estruturas sindicais.

A paralisação visa "parar toda a cirurgia programada, mantendo, naturalmente, assegurados os cuidados mínimos decretados pelo tribunal", afirmam os sindicatos em comunicado.

A ideia da paralisação partiu inicialmente de um movimento de enfermeiros que recolheu já mais de 360 mil euros num fundo destinado a compensar os profissionais que ficarão sem salário.
Proposta do Governo é “absolutamente inegociável"
Na terça-feira, os dois sindicatos que convocaram a paralisação decidiram manter o protesto nos cinco blocos operatórios, por falta de acordo com o Governo sobre a estrutura da carreira.

Numa nota à imprensa enviada antes do final da reunião negocial de terça-feira à tarde, o Ministério da Saúde invocou que na proposta apresentada aos sindicatos se destaca "a consolidação do enfermeiro especialista e o reconhecimento da importância da gestão operacional de equipas pelo enfermeiro coordenador".

Para Carlos Ramalho, presidente do Sindicato Democrático dos Enfermeiros (SINDEPOR), a proposta apresentada pelo Governo é “absolutamente inegociável".

“Esta proposta que o Governo nos apresentou não trouxe nada de novo. Foi-nos apresentado sem tempo para nós reagirmos. De qualquer forma ela [a proposta] não significa absolutamente nada daquilo que os enfermeiros têm vindo a reivindicar até agora”, acrescentou.

No entanto, Carlos Ramalho não exclui a possibilidade de cancelar a greve se o Governo for ao encontro das reivindicações dos enfermeiros. “Desde o início que os sindicatos entraram nesta luta, sempre com o melhor do bom senso. Estamos sempre disponíveis para o diálogo e para a concertação”. “O que é preciso é que venham de facto propostas, que venham minimamente de encontro áquilo que nós reivindicamos neste momento. O que não está a acontecer”.

“A carreira” é a reivindicação mais importante. “Nós exigimos uma carreira pluricategorial. Ou seja que tenha mais que uma categoria. Não é isso que está a acontecer. E não é isso que o Governo propõe”.

“Ao propor novamente uma carreira com duas categorias, uma das quais praticamente inacessível. Os enfermeiros não poderão de maneira nenhuma aceitar isso. Nós exigimos que a função enfermeiro especialista seja reconhecida como uma categoria”, esclareceu.

“Mas também exigimos que todos os outros enfermeiros, que trabalham e que têm eventualmente a legitimidade de crer ascender a essas categorias que tenham essa possibilidade”, rematou.

c/ Lusa
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