Greve nos aeroportos: trabalhadores da Portway paralisam no domingo

por RTP
Rafael Marchante - Reuters

O Serviço Aeroportuário de Assistência a Passageiros de Mobilidade Reduzida vai amanhã estar em greve, contra a discriminação dos seus trabalhadores e contra os planos da empresa Portway, visando agravar a precarização das relações laborais nesse serviço.

Para a realização da greve, os trabalhadores acolhem-se a um pré-aviso entregue pelo sindicato do sector, o SITAVA, que abrange todos os fins-de-semana. No domingo, 21 de outubro, irão paralisar e realizar uma concentração de protesto à porta das instalações.

A RTP soube ainda que a empresa tenciona contratar trabalhadores temporários para furar a greve, apesar das disposições em contrário da lei da greve.

O Serviço Aeroportuário de Assistência a Passageiros de Mobilidade Reduzida é, em Lisboa, da responsabilidade do Aeroporto e encontra-se concessionado à Portway, empresa de Handling do Grupo Vinci/ANA.

Em comunicado distribuído no aeroporto um grupo de trabalhadores daquele serviço lembra que o objectivo deste serviço é "garantir iguais condições de acesso ao transporte aéreo, em todos os aeroportos nacionais, a passageiros com deficiência ou com mobilidade reduzida, permitindo que ninguém fique excluído de viajar".

Sendo assim, acrescenta é contraditório que os trabalhadores que prestam este serviço sejam discriminados, "não lhes sendo reconhecidos direitos iguais aos restantes funcionários". Esta discriminação, explicam, traduz-se "na ausência de reconhecimento da função como parte das categorias reconhecidas na aviação; na ausência de níveis, ou seja, de progressão na carreira e de reconhecimento do tempo de serviço; na ausência de seguro de saúde (garantindo nós diretamente o transporte dos passageiros doentes)".

Trabalhadores acabados de entrar ao serviço ou outros que já lá estejam há 10 anos ou mais ganham quase invariavelmente os 650 euros do salário mínimo, "sem qualquer perspetiva de desenvolvimento ou progressão.

A tudo isto, junta-se a situação de precariedade, "substituindo-se trabalhadores com mais experiência e anos de casa, que deveriam continuar a ser contratados pela Portway e integrados nesta empresa, por trabalhadores de trabalho temporário recém-chegados (com contratos renováveis mensalmente)".

Esta situação irá ainda agravar-se drasticamente nos próximos tempos, com o plano que, diz o comunicado, a empresa tem de despedir várias dezenas de trabalhadores, verificável na formação em curso de novos assistentes para entrar ao serviço.  O tratamento dos trabahadores como descartáveis, bem como um alegado clima de medo e intimidação, acrescenta-se, "gera enorme insegurança, afeta a estabilidade e qualidade do serviço prestado".
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