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"Há um grande défice de qualificação no tratamento das questões da floresta", alerta João Guerreiro

por RTP

O presidente da Comissão Técnica Independente que analisou os incêndios de outubro reitera que é preciso profissionalizar toda a estrutura de combate aos incêndios. Em entrevista no programa 360, da RTP, João Guerreiro diz que "o fogo gera uma guerra" e que só com instrumentos de qualificação e conhecimento conseguiremos ganhar essa guerra.

O responsável do relatório que foi esta terça-feira entregue no Parlamento considera que o "incendiarismo" é um dos principais problemas que a floresta enfrenta, incluindo nessa categoria não só os fogos postos, mas também atos de negligência.

João Guerreiro diz que os portugueses têm uma relação distante com a floresta, sobretudo por se tratar de um bem privado (há apenas 5 por cento da área florestal que pertence ao Estado, ao contrário do que se passa na Europa). Algo que contribui para o que João Guerreiro chama de uso descuidado do fogo que propicia situações de risco, como queimadas ou churrascos mal apagados.

O presidente da Comissão Técnica considera que se deve investir na vigilância, apesar de se tratar sobretudo de terrenos privados, até porque a floresta gera benefícios para a sociedade no seu conjunto.

João Guerreiro considera que as autarquias têm um papel determinante a desempenhar, a par com a profissionalização da estrutura de decisão sobre questões ligadas à floresta, nomeadamente na implementação dos planos de contingência, mas também no essencial aviso e informação incisiva que tem de ser passada atempadamente à população, para saberem como reagir em caso de incêndios.

"Era muito complicado enfrentar os incêndios de outubro", admite João Guerreiro. No entanto, o presidente da Comissão Técnica colocou a tónica na necessidade de uma intervenção inicial no combate ao fogo que seja profissional.

"Não sei se se poderia ter evitado" o incêndio de outubro, diz Guerreiro. Reiterou que o uso de instrumentos de previsão poderia ter minimizado as consequências e elencou um conjunto de fatores que contribuíram para que o fogo acabasse por ser o maior incêndio na Europa.

Lembrando o contexto de alterações climáticas que se verifica, João Guerreiro lembra que o combate aos incêndios não pode continuar "compartimentado em fases" burocráticas de mobilização de meios. "Temos cada vez mais prontos para eventos ao longo do ano", reforçou.
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