Hospitais com forte adesão à greve da Função Pública nos primeiros turnos

por Christopher Marques - RTP
Reuters

A greve voltou à Função Pública. A paralisação convocada pelos sindicatos afetos à CGTP começou na última noite para reivindicar o aumento dos salários, pagamento de horas extraordinárias e a reposição das 35 horas de trabalho semanal para todos os trabalhadores do Estado. Os números do sindicato apontam para uma forte adesão nos hospitais nos primeiros turnos.

A paralisação começou à meia-noite e foi nos hospitais que começou logo por fazer-se sentir. Os números da Federação dos Sindicatos da Função Pública indicam que há adesões próximas de 100 por cento em várias instituições de saúde. Há mesmo centros hospitalares onde apenas os serviços mínimos estão assegurados.

No primeiro turno, a adesão à greve foi de 100 por cento nos hospitais de São José, Maternidade Alfredo da Costa e Beatriz Ângelo, sendo que ascende ainda a 98 por cento no hospital São Francisco Xavier, 70 por cento no hospital dos Capuchos e 85 por cento no hospital de Santa Maria. O Santa Maria tem mesmo o bloco operatório encerrado.

A norte, o hospital Pedro Hispano (Matosinhos) tem uma adesão de 70 por cento nos primeiros turnos, o hospital de São João 60 por cento e o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa de 65 por cento. Nos restantes hospitais da região do Porto, a adesão ronda "80 a 90 por cento", afirmou Ana Avoila à Lusa.

Ainda segundo a estrutura sindical, em centros hospitalares como os de Coimbra, Aveiro, Leiria e Figueira da Foz, os dados indicam que "está tudo a 100 por cento, só com serviços mínimos".

Para Ana Avoila, da federação afeta à central CGTP, esta adesão no arranque da greve "responde às expectativas" que havia face ao "descontentamento dos trabalhadores" perante o congelamento dos salários e carreiras.

UGT não participa

A paralisação foi convocada pelos sindicatos afetos à CGTP, com a UGT a ficar de fora. A FESAP, uma das organizações afetas à UGT, considera que a greve é precipitada porque ainda há negociações a decorrer.

Apesar de não participarem nesta greve, os sindicatos ligados à UGT não descartam uma greve num futuro próximo. A União Geral dos Trabalhadores exige aumentos de 2,5 por cento nos salários dos funcionários públicos e pensões em 2018. Em cima da mesa está também o descongelamento da progressão das carreiras. Caso não aconteça, a convocação de uma greve pela UGT é uma hipótese.

A CGTP optou avançar desde já para greve, uma vez que decorrem já as negociações para a elaboração do Orçamento do Estado para 2018. O protesto foi anunciado no início de abril para reivindicar aumentos salariais e o pagamento de horas extraordinárias. 

Em entrevista à RTP, Ana Avoila justificou a paralisação com o facto de não haver aumentos na Função Pública desde 2009. “O Governo já entregou em Bruxelas um Plano de Estabilidade que indica que só a partir de 2021 é que vai haver aumentos salariais”, explicou a sindicalista.

A estrutura sindical exige ainda a reposição das 35 horas de trabalho semanais para todos os funcionários do Estado. O regime das 35 horas foi reposto em julho de 2016 mas deixou de fora os funcionários com contrato individual de trabalho, sobretudo os que prestam serviço nos hospitais EPE.

A federação tem uma grande expectativa em relação à adesão dos funcionários públicos a esta greve, não apenas nos serviços onde a adesão tradicionalmente é mais significativa como a saúde e a educação, mas também em outros setores, como na cultura que teve uma greve há pouco tempo, nas finanças e nos serviços da Segurança Social.
Segunda greve de Costa
A última greve geral convocada pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais com vista à reposição das 35 horas semanais realizou-se em janeiro do ano passado e teve, segundo a estrutura, uma adesão média entre 70 por cento a 80 por cento, incluindo os hospitais.

Em 18 de novembro do ano passado, os funcionários públicos manifestaram-se junto à Assembleia da República, em Lisboa, para reivindicar alterações na proposta de Orçamento do Estado 2017 para aumentar os salários do setor e descongelar as carreiras.

A manifestação foi promovida pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, tendo sido acompanhada por pré-avisos de greve de diversos sindicatos para salvaguardar o direito dos trabalhadores a participarem no protesto.

c/ Lusa
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