Hospital de Portalegre. Inquérito do MP a morte de doente é "natural"

por Lusa

A administração do hospital de Portalegre considerou hoje "natural" a abertura de um inquérito pelo Ministério Público à morte de um idoso, de 87 anos, naquela unidade, na segunda-feira, após quase três horas numa ambulância.

A decisão do Ministério Público em relação a este caso, ocorrido na segunda-feira à noite, foi comunicada hoje à agência Lusa por fonte da Procuradoria-Geral da República (PGR), após ter sido questionada por correio eletrónico.

Contactado pela Lusa, o presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA), Joaquim Araújo, considerou "natural" a decisão do Ministério Público.

O mesmo responsável revelou ainda já ter recebido um ofício da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) a questionar sobre os factos: "Recebi um ofício da ERS para remeter informação relativamente às circunstâncias" em que ocorreram os factos.

Quanto ao inquérito interno que a ULSNA mandou instaurar, anunciado na madrugada de terça-feira, está a decorrer, devendo ficar concluído, "mais ou menos" no espaço de uma semana, estimou Joaquim Araújo.

O idoso, utente de um lar em Cabeço de Vide, no concelho de Fronteira (Portalegre), foi transportado de ambulância para o Hospital Dr. José Maria Grande, na capital de distrito, na segunda-feira, acabando por morrer.

Na madrugada de terça-feira, Joaquim Araújo e o enfermeiro-diretor da ULSNA, Jorge Marques, indicaram à Lusa que o homem foi triado dentro da ambulância, na qual esteve, pelo menos, duas horas e 44 minutos, por a zona dedicada à covid-19 no Serviço de Urgência estar lotada.

Segundo as mesmas fontes, o idoso foi inscrito no hospital às 16:29 e triado por um enfermeiro, dentro da viatura, seis minutos depois, às 16:35.

O doente, "totalmente dependente", foi levado ao hospital por possível "dispneia [falta de ar]", sendo residente num lar em Cabeço de Vide, "onde há um surto de covid-19", razão pela qual entrou "no circuito `covid`" da unidade hospitalar, explicaram.

No entanto, de acordo as fontes da ULSNA, o doente não estaria infetado pelo vírus que causa a covid-19, informação que apenas terá sido obtida pelo hospital após ter sido declarado o óbito.

Na sequência da triagem, foi possível apurar que o doente não estava "dispneico pela saturação baixa [de oxigénio]" e foi-lhe atribuída a pulseira amarela, de doente urgente.

"Na altura em que é triado, o enfermeiro fala com a médica que passa pela ambulância" para "ver o doente, pois, a área dedicada a doentes respiratórios estava lotada, tendo a médica confirmado que o doente estava estabilizado", disse Jorge Marques.

Às 19:13, uma enfermeira em funções de chefe de equipa foi abordada por um bombeiro, que a informou que o octogenário "estava pior", tendo o idoso sido assistido, de imediato, na ambulância.

Dali, ainda de acordo com as mesmas fontes, foi levado para a sala de reanimação da área dedicada a doentes respiratórios, onde o óbito acabou por ser declarado 17 minutos mais tarde, às 19:30.

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