Incêndios. Costa e Marcelo falam em "combate permanente" que envolve todos os portugueses

por Joana Raposo Santos - RTP
Foto: Tiago Petinga - Lusa

No final de um Conselho de Ministros temático exclusivamente dedicado às Florestas, o primeiro-ministro frisou que o essencial é fazer "um combate permanente" ao longo das próximas décadas para que Portugal possa ter uma floresta resiliente e com o menor risco de incêndio possível. O Presidente da República também discursou para relembrar que a estratégia de prevenção e combate aos fogos envolve todos, desde o Governo à população.

Para António Costa, “se queremos ter uma floresta resiliente e que contribua para enriquecer o país e criar melhores condições de vida no interior do país”, é necessário intervir naquilo que são os “elementos naturais”.

“Aquilo que mais marcou aquilo que temos vindo a fazer desde 2017 para cá foi ter deslocalizado o tema do flagelo do fogo para aquilo que são as verdadeiras causas profundas”, das quais o fogo é o sinal mais visível: o desordenamento do território e da paisagem, o abandono do interior e a perda do valor económico da floresta, enumerou o primeiro-ministro.

Por essa razão, os instrumentos aprovados no Conselho de Ministros desta quinta-feira têm a ver com o ordenamento do território, ordenamento da paisagem, gestão integrada do espaço territorial, Proteção Civil preventiva e proteção de quem combate incêndios e ainda o reforço de meios de combate, nomeadamente meios aéreos, enunciou.

“Nós sabemos bem que estes são processos longos e que o maior risco que o país pode correr é, de cada vez que temos sucesso na diminuição do número de incêndios ou da dramaticidade dos seus efeitos, ir desmobilizando na determinação que temos de ter para fazer a transformação de fundo”, alertou o chefe de Governo.

António Costa lembrou a importância de não se esquecer que “o tempo corre contra nós”, porque “as alterações climáticas vão sistematicamente estar a agravar o risco de incêndio que existe no nosso país”.

Por isso, temos de andar mais rápido na transformação da floresta do que a velocidade a que avançam essas alterações climáticas, argumentou.

“Se a humanidade conseguir cumprir a meta a que se propôs no Acordo de Paris de só aumentarmos num grau a temperatura média da Terra, isso significa ainda assim que aumentará seis vezes o risco de incêndio florestal em Portugal”, lamentou Costa.

Após discursar, o primeiro-ministro ofereceu ao Presidente da República, “como símbolo da perenidade deste combate” e da “perseverança que temos de ter”, uma bonsai centenária.

“É um exemplo daquilo que temos de ter: uma floresta que dure para além das nossas próprias existências, quer nas funções políticas que exercemos, quer na própria vida”, disse ao chefe de Estado. “Nas suas mãos, a floresta portuguesa”.
"Prevenir para não ter de remediar"
Marcelo Rebelo de Sousa também discursou após o Conselho de Ministros temático sobre a floresta, para relembrar que é necessária a participação de todos na prevenção e combate aos incêndios.

“Passaram os anos e hoje, neste Conselho de Ministros, foram aprovados vários diplomas, mas sobretudo foi debatida e apreciada aquilo que é uma estratégia nacional que visa prevenir, muito mais do que combater, os fogos florestais. E intervir naquilo que é decisivo para que haja ou não fogos florestais”, sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa na sua declaração aos jornalistas.

Por essa razão, “houve diplomas sobre matéria do ordenamento do território, da gestão integrada dos incêndios florestais e também diplomas sobre a matéria específica da Proteção Civil”, esclareceu.

A estratégia é de longo prazo, tendo arrancado em 2017/2018, visa 2030 “mas continua para além de 2030”, esclareceu o Presidente. “Não há nada como prevenir para não ter de remediar”.

“Todos nos recordamos daquilo que foi a tragédia de 2017 e nos recordamos que, antes de 2017 e ao longo de sucessivos tempos históricos (…), o flagelo dos incêndios florestais foi um flagelo que periodicamente fustigou milhares de portugueses”, assinalou o Presidente da República.

Marcelo Rebelo de Sousa lembrou também “a importância dada logo a seguir ao que se passou em 2017” à questão da matéria florestal, não apenas no sentido de combater os incêndios, mas de os prevenir.

Para tal foi necessária “uma visão conjunta” que não era apenas a da Proteção Civil, ou a da Administração Interna, ou a do combate aos fogos. “Era uma estratégia que envolvia todos”, frisou o chefe de Estado.
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