Incêndios florestais. PM diz que meios de combate não resolvem "causas profundas"

por RTP
O primeiro-ministro, António Costa, discursa durante a assinatura do protocolo de entendimento entre a AVIPG e a IP para a construção do Memorial às Vítimas dos Incêndios de Pedrógão Grande Paulo Novais - Lusa

Dois anos depois dos fogos de Pedrógão Grande, o primeiro-ministro afirmou hoje que as causas profundas dos incêndios "nunca serão resolvidas" a partir dos meios de combate. É fundamental "concluir a reforma da floresta".

No discurso na cerimónia de assinatura de protocolo para a criação do Memorial às Vítimas dos Incêndios de Pedrógão Grande, que decorreu na Câmara de Castanheira de Pera, um dos concelhos mais afetados, o primeiro-ministro reafirmou que as causas dos incêndios que afetam o país só serão combatidas de forma eficaz quando se conseguir "vencer o desafio extraordinário de revitalizar estes territórios de baixa densidade" e "concluir a reforma da floresta".

"Depois de 2006, muitos acreditaram que estávamos a salvo e as alterações que tinham sido feitas na Proteção Civil e as estatísticas de redução de áreas ardidas significavam que tínhamos virado uma página. Infelizmente, a página não se virou, porque as causas profundas nunca serão resolvidas nos meios de combate", disse António Costa.

Palavras no dia em que se recorda o incêndio que deflagrou há dois anos em Pedrógão Grande e que alastrou a concelhos vizinhos. Sessenta e seis pessoas morreram e 253 ficaram feridas. As chamas destruiram cerca de meio milhar de casas e 50 empresas.

Nesta cerimónia, o primeiro-ministro alertou para os riscos de a Assembleia da República chumbar uma das normas do regime de cadastro que permite ao Estado assumir a gestão dos terrenos identificados como "sem dono conhecido".


Inviabilizar essa norma, defende o Executivo, seria adiar a reforma da Floresta por mais dez anos. O Governo considea que a suspensão por dez anos do decreto de lei das terras sem dono põe em causa a reforma da floresta e apelou, em particular ao PSD, que reconsidere a votação indiciária de sexta-feira.

"Não temos outra coisa a fazer senão aquilo que todos sabemos que é indispensável fazer", disse o primeiro ministro. "O direito de propriedade é seguramente um direito fundamental, mas o direito à vida é um direito ainda mais fundamental. E quando há um conlifto de direitos só há uma solução. É optar por aquele que é mais importante de salvaguardar. E nada é mais importante de salvaguardar do que o direito à vida. E não é possivel voltarmos a ter que perder vidas para nos lembrarmos disso".

 

C/ Lusa

 

 

 

 

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