A FENPROF argumenta que só foi possível assegurar o ensino à distância à custa dos professores, tal como no confinamento de 2020. Isto porque trabalham com o próprio equipamento, muitas vezes comprado de propósito para este fim. Os professores queixam-se da incapacidade do Governo. O inquérito revela ainda que as sessões à distância não cumprem o recomendado no que toca ao tempo de aula. A FENPROF exige respostas e quer que se inicie de imediato a discussão das medidas para o retorno ao ensino presencial e quer a vacinação de todos os professores até final do segundo período.
A FENPROF recebeu mais de quatro mil respostas de docentes da Educação Pré-Escolar, do Ensino Básico e do Ensino Secundário ao inquérito que pôs a circular na primeira semana de retorno ao teletrabalho.
Das respostas, depreendeu que 96% dos docentes estão a trabalhar em casa e a quase totalidade (95%) usa o seu próprio equipamento.
Para conseguir trabalhar em casa, “a maioria dos docentes teve de comprar computador, pois em 81% das casas há, no mínimo, duas pessoas em teletrabalho simultâneo”, refere a FENPROF.
Os professores afirmam ter despesas acrescidas. Noventa e cinco por cento afirmam isso mesmo no questionário, para lá da compra do computador. São gastos com Internet, telemóvel e outros recursos para a atividade remota.
Oitenta por cento dos docentes diz ter feito formação específica por iniciativa própria, recorrendo a formações que encontrou, a maior parte das vezes, online.
Só 20% afirma ter frequentado formação da iniciativa da escola ou do ME, mas, em relação a esta última, não chegam sequer a 0,2% os que afirmam ter havido, refere a nota da FENPROF.
Sendo uma classe profissional envelhecida, 78% dos professores não têm filhos menores de 12 anos. Dos restantes 22%, a esmagadora maioria (90%) diz ter dificuldade na gestão entre as aulas e o acompanhamento dos filhos pequenos.
Professores mantêm aulas com duração igual à das aulas presenciais
No inquérito, ficou ainda patente que 34% dos docentes, ou seja, 1/3 do total, afirmam que as sessões síncronas são de duração igual às aulas presenciais, “o que é completamente desajustado, contrariando as recomendações divulgadas”, refere a FENPROF.
Relativamente ao número de sessões síncronas, 50% dos docentes afirma que ele é igual ou superior a metade do número de aulas presenciais. Já em relação ao horário das sessões assíncronas, 53% desenvolvem-nas no horário que estava determinado para as presenciais, articulando-as com as síncronas.
A disponibilidade permanente online é o quadro descrito por 8,4% dos professores.
Para o sindicato dos professores, a ACT deverá intervir em todas as situações que violem as normas de confinamento em vigor, designadamente em relação à obrigatoriedade de teletrabalho.
A FENPROF reafirma ainda que os docentes deverão ser vacinados. Aqueles que estão em atividade presencial deverão ser vacinados já e os restantes até final do 2.º período e antes de regressarem às escolas, “de acordo com recomendações internacionais, designadamente da UNESCO e da Internacional de Educação”.
Há ainda alunos nas escolas por falta de condições técnicas para, em casa, acompanharem as aulas, mas apenas 8% dos docentes fazem essa referência.
Os alunos que se encontram nas escolas, acompanham aí as aulas em ensino a distância. Dois por cento dos professores com alunos nas escolas (27% do total de docentes) dizem manter-se em ensino presencial (que é ilegal, destaca a FENPROF), sendo as suas aulas visionadas pelos alunos que estão em casa.