Quinta-feira, o Ministério Público pediu a pena máxima de 25 anos de prisão para o o arguido, acusado de três homicídios. O Tribunal da Guarda marcou esta sexta-feira a leitura do acórdão para 8 de março às 14h30.
Pedro Dias acusa ainda outro militar, António Ferreira, de ser o autor dos disparos que levaram à morte de um casal.
A Defesa diz por seu lado que não há provas de que Pedro Dias tenha morto o casal de Aguiar da Beira. Mónica Quintela, advogada de Pedro Dias, diz que por isso irá pedir a absolvição no caso do casal, por considerar que não foi provado o envolvimento de Pedro Dias nas mortes.
Mónica Quintela ressalvou que o acusado "terá de ser condenado" por aqueles que confessou.
À saída do Tribunal, esta tarde, a advogada anunciou que pretende contudo que sejam mudadas as tipificações de alguns dos crimes de que o seu cliente é acusado: que o homicídio do guarda Cateno passe a homicídio privilegiado e que no caso do guarda Ferreira a acusação passe a tentativa de homicídio simples, em lugar de homicídio não qualificado.
"Estamos numa fase de recolhimento", após o fim do julgamento e o Tribunal precisa de "serenidade" afirmou ainda a advogada, para explicar a relutância em fazer mais declarações aos jornalistas.
Já o advogado dos familiares do casal Pinto considera que a GNR estará no seu direito em apresentar uma queixa por difamação e injúria contra Pedro Dias por este tentar imputar ao militar a morte do casal.
O advogado, João Paulo Matias, afirmou não ter dúvidas de que as mortes de Liliane e de Luís Pinto aconteceram depois de Pedro Dias ter baleado os militares da GNR Carlos Caetano (que morreu) e António Ferreira (que sobreviveu).
Na sua opinião, este é um dos casos em que o ordenamento jurídico português "devia repensar a pena máxima de prisão". Nesse âmbito, o advogado disse esperar que "a justiça divina também faça a sua parte do trabalho, além da justiça terrena".
Os crimes remontam a 11 de outubro de 2016.
A versão de Pedro Dias
O julgamento do homicida de Aguiar da Beira foi retomado quinta-feira no Tribunal da Guarda. Na fase final do julgamento, Pedro Dias quebrou o silêncio e admitiu, por exemplo, ter matado o militar da GNR Carlos Caetano, de 29 anos. Garantiu no entanto que só disparou sobre os militares da Guarda porque agiu em legítima defesa.
Nestas declarações, Pedro Dias acusou ainda o militar da GNR António Ferreira de ter atingido a tiro Luís e Liliane Pinto, o casal que viria a morrer.
Perante vários familiares das três vítimas que é acusado de ter matado, Pedro Dias confessou que as suas declarações poderiam ser confusas e que poderia perder o racioncínio devido à situação de isolamento na prisão.
Explicou que na noite dos acontecimentos, parou a carrinha que conduzia junto a um hotel em construção nas Caldas da Cavaca por estar cansado e com sono, evitando fazer uma paragem junto à povoação.
Na versão do acusado, adormeceu e foi acordado algumas horas depois por dois militares da GNR, que lhe apontaram a lanterna "à cara". Os militares consideraram suspeito que Pedro Dias se encontrasse parado num sítio ermo.
Pedro Dias conta que os militares o pretendiam algemar e que foi agredido com pontapés, murros e joelhadas por várias vezes. Em resposta, puxou da arma que tinha dentro da carrinha e disparou contra o militar António Ferreira.
“A confusão era muita na minha cabeça, não pensei ter acertado onde acertei. O objetivo não era matar, era assustar. Eu queria era que parassem as agressões”, justificou perante o juiz.
O acusado diz ainda que foi o militar António Ferreira quem atingiu os dois civis na estrada entre Aguiar da Beira e o Sátão. Admitu ter algemado posteriormente o militar da GNR, que algemou numa árvore. O militar Ferreira atirou-se para cima do acusado e foi aí que Pedro Dias diz ter disparado.
C/Lusa