Mação. "A tragédia não acontece hoje. Vai acontecer nos próximos 30 anos"

por RTP

As chamas não dão descanso aos bombeiros em Mação. O vice-presidente da autarquia avançou que há populações em grande risco e que a própria vila de Mação está em "elevado risco" de vir a ser confrontada com uma frente de fogo.

António Louro nota que a situação está "extremamente preocupante", tendo piorado em relação à manhã de terça-feira. Questionado sobre os prejuízos já conhecidos deste fogo, o autarca desvaloriza os dados imediatos para focar-se nas consequências futuras.

"A imprensa valoriza muito o dia do incêndio como sendo o grande dia da tragédia. Em territórios em que a floresta é a principal fonte de riqueza, este é só um primeiro dia dos próximos 30 anos de falta de rendimento, falta de atividade económica, famílias com dificuldades económicas e um território que perde atratividade", explicita.

António Louro é assertivo: "A tragédia não está a acontecer hoje. A tragédia vai continuar a acontecer nas próximas três décadas em Mação porque hoje estamos a semear pobreza, falta de rendimento, abandono do território e desertificação".

A autarquia prevê que, desde domingo, o fogo tenha consumido já 20 mil hectares de território no concelho, perto de 50 por cento da área total do território concelhio.

António Louro considera que os meios são agora adequados, o que não aconteceu nos últimos dias. "Finalmente os meios chegaram", afirma, esclarecendo que esse meios "não estiveram cá no domingo quando precisávamos deles, na segunda quando precisávamos deles ou na terça quando precisávamos deles".

"Agora, estranhamente, não deve estar a arder nada no país", afirma, não tendo dúvidas que é "evidente" que os meios chegaram tarde demais.
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