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Mais de 50 mil utentes à espera de cirurgia fora dos prazos máximos

por RTP

Está a aumentar o tempo de espera para cirurgias nos hospitais públicos. O Governo tinha apresentado, no início do ano, um plano para resolver este problema.

Em agosto, pela primeira vez, o número de utentes à espera de uma cirurgia para lá dos prazos máximos permitidos por lei ultrapassou os 50 mil. Um número que representa um aumento de 18% desde o início do ano, de acordo com o jornal i. Havia, nesse mês, 245 mil pessoas à espera de serem operadas, mais cinco mil do que em janeiro.

Os dados constam do Portal da Transparência do Ministério da Saúde. Dos 46 hospitais do SNS, apenas 14 apresentavam indicadores iguais ou melhores do que no início do ano no parâmetro de utentes em lista de espera dentro dos tempos máximos de resposta garantidos (TMRG). Nos restantes, aumentou o universo de doentes cujo tempo de espera excede os prazos definidos pela lei. O prazo para cirurgias de prioridade normal e não oncológica baixou de 270 para 180 dias no início de 2018.

Oftalmologia, Ortopedia, Otorrinolaringologia e Urologia são as áreas mais críticas, de acordo com o Jornal de Notícias. Especialidades como Cirurgia Geral e Ginecologia registaram melhorias.

Cirurgia vascular, tratamento cirúrgico da obesidade, ortopedia ou Otorrinolaringologia são algumas das especialidades em que os hospitais apresentam tempos médios de espera para cirurgia de prioridade normal mais elevados, especifica o i.

De acordo com o JN, há 15 hospitais em que, em determinada especialidade, não cumprem nenhuma TMRG na respetiva prioridade, destacando os hospitais de S.João e de S.Sebastião (Feira) na cirurgia de obesidade, para o IPO de Lisboa na radioterapia cirúrgica e para os hospitais de Abrantes, Litoral Alentejano, D. Estefânia, Garcia de Orta (ambos em Lisboa) na Ortopedia.

O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares reconhece que estão a aumentar os tempos de espera para cirurgias e primeiras consultas.

Alexandre Lourenço justifica a situação com a falta de meios,
que está a comprometer o plano do Ministério da Saúde para resolver este problema.
Degradação do SNS está a por em causa tratamentos oncológicos
Há 22 hospitais do SNS que não conseguem cumprir os tempos máximos de resposta nas cirurgias prioritárias oncológicas. São mais quatro hospitais com dificuldades de resposta na cirurgia ao cancro do que em abril passado, revela o Jornal de Notícias.

A Liga Portuguesa contra o Cancro diz que a degradação do Serviço Nacional de Saúde está a por em causa os tratamentos oncológicos. O presidente da Liga, Vítor Rodrigues, diz que as situações devem ser analisadas uma a uma até porque a vida dos doentes pode depender destas cirurgias.

Também a Sociedade Portuguesa de Oncologia demonstrou preocupação com os números agora divulgados.

O presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia, Paulo Côrtes, sublinha que a demora pode condicionar as possibilidades de cura do doente.
Avaliação no início de 2020
O Ministério da Saúde remete uma avaliação da situação no início do próximo ano, acrescentando que o plano está em constante monitorização. O executivo tinha delineado um plano de redução dos tempos de espera para cirurgia.

Ao jornal i, o Ministério referiu haver um reforço da atividade hospitalar nos últimos meses, tantos nas cirurgias como nas consultas que podem fazer com que se supere a atividade de 2018 e também a de 2017. Ainda assim, refere o jornal, o reforço de cirurgias não acompanha o aumento das inscrições para operação, que têm estado a subir, com o consequente aumento do tempo de espera.
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