Marcelo relembra quem partiu "cedo demais" nos incêndios de outubro

por RTP
Kostas Tsironis - EPA

O Presidente da República discursou esta terça-feira em Midões, no concelho de Tábua, na reabertura de uma escola que há dois anos ficou destruída pelos incêndios de outubro. Marcelo Rebelo de Sousa homenageou aqueles que "partiram cedo demais" e sublinhou a grande diferença entre o país da vida das pessoas e o país das notícias, onde tudo parece acontecer tão rápido.

“Não se esquece ninguém daquilo que foi vivido naqueles dia de outubro de 2017”, frisou o Presidente português, relembrando as vidas que se perderam “cedo demais” e agradecendo a todos os que ajudaram nesse momento difícil.

“Não se apaga da nossa memória os sacrifícios” pessoais, patrimoniais e coletivos “que atingiram tantas comunidades”, nem se apaga “a solidariedade que houve de imediato daqueles que tiveram de ajudar onde era possível numa hora inesperada”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa.

O Chefe de Estado passou depois a agradecer às populações, Proteção Civil e bombeiros pelos seus esforços numa “causa que era de todos”, destacando ainda a “onda de solidariedade que atravessou o país” numa altura em que este já tinha sido “surpreendido e fustigado três meses antes por um choque que se voltava a repetir”.

“Mas essa onda foi para além das fronteiras de Portugal”, esclareceu, referindo-se às comunidades portuguesas pelo mundo e a estrangeiros como o “benfeitor chinês” cuja empresa ajudou a financiar a reconstrução da escola inaugurada esta terça-feira.
“Um país nas notícias”
O Presidente da República aproveitou o discurso para lembrar que “há coisas lentas de fazer”, tais como o “repensar da floresta”, o “reiniciar de alguma atividade agrícola” ou “o pôr em velocidade normal aquilo que era a atividade de uma empresa no comércio, na indústria”.

“E é muito mais difícil de fazer o recomeçar a vida pessoal e a vida familiar e aquilo que é a vida comunitária”, destacou.

“Dois anos parecem uma eternidade, porque hoje é tudo tão rápido nas notícias, mas não é rápido na vida das pessoas”
, considerou Marcelo Rebelo de Sousa, insistindo que existe “uma diferença entre um país nas notícias e um país na vida das pessoas”.

Já no final do discurso, o Chefe de Estado declarou frente aos jornalistas que a demora nos trabalhos de recuperação após os incêndios se deve, em grande parte, à lentidão burocrática.

“Todos nós, no momento em que ocorre a tragédia, desejamos que seja possível em seis meses, eu cheguei a falar em seis meses ou um ano, ver de pé aquilo que estava ali destruído, mas a realidade é mais complicada do que as leis, mais complicada do que os fundos, mais complicada do que os concursos”, sustentou.

“O ordenamento florestal é sempre mais lento por natureza e eu acho que essa é uma grande aposta e um grande desafio. É que embora sendo mais lento, continua a haver este acordo que se gerou a seguir à tragédia no sentido de que, dentro do mais lento, tem de ser o mais rápido possível, e esse consenso não se pode perder”, concluiu o Presidente.
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