Maternidades. Urgências em três unidades de Lisboa no verão

por RTP
Reuters

No verão, das quatros maternidades de Lisboa, só três terão os serviços de urgência externa garantidos, mantendo-se no entanto, os serviços das maternidades a funcionar sem alterações. O Ministério da Saúde emitiu um comunicado em que esclarece como vão funcionar as maternidades em Lisboa durante o período de verão, depois de o Presidente da República ter exigido que o encerramento rotativo de uma das urgências fosse “devidamente esclarecido e explicado”. BE e PCP querem a questão esclarecida no Parlamento. A solução levanta grandes dúvidas à chefe das urgências da maternidade Alfredo da Costa.

O Ministério da Saúde realça que se trata de “trabalho preparatório” da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, cabendo à Administração Regional “informar com a devida antecedência a população sobre as medidas que venham a ser decididas”.

Ainda assim, o Ministério assegura que as medidas que estão em cima da mesa “não preveem o encerramento de qualquer maternidade por nenhum período temporal”.

O que está em causa é o encerramento dos serviços de urgência externa de uma das quatro maternidades. “Os trabalhos em curso versam sobre o encaminhamento de utentes pelo CODU (INEM), prevendo-se que estejam sempre garantidos os serviços de urgência externa de três das quatro maternidades abrangidas e apenas durante o período de verão, mantendo-se as restantes respostas nas quatro unidades sem alterações”.

O encerramento de um dos serviços de urgência será feito de forma rotativa entre as quatro unidades durante o verão, ou seja, julho e agosto.

“Esta é uma situação que ocorre à semelhança de anos anteriores, em que a ARSLVT entende estudar, de forma pró-ativa, medidas que garantam o funcionamento pleno das urgências dos hospitais da região na área da ginecologia/obstetrícia”, assegura o Ministério da Saúde.

Em causa, está a falta de recursos humanos para manter as quatros urgências a funcionar em pleno, todos os dias da semana.

“Não temos profissionais suficientes para assegurar no verão, quando há pessoas de férias, para assegurar os sete dias da semana, 24 horas por dia, nos quatro hospitais em simultâneo”, garantiu à RTP Luís Pisco, presidente da Administração Regional de Saúde e Vale do Tejo.

"Isso, para ser feito como deve ser, já devia ter sido programado há muitos meses”, alerta Teresinha Simões, a chefe da equipa de urgência da Maternidade Alfredo da Costa, que duvida da possibilidade agora de implementar este plano de rotatividade. “Isso implicaria agora alterar todas as escalas, de todos os hospitais. Escalas que estão feitas há muitos meses”, diz Teresinha Simões, que lembra ainda que, além disso, já foi pedido aos profissionais para fazerem bancos extra.

Um outro problema prende-se com o espaço físico, alerta a chefe das urgências da maternidade Alfredo da Costa. “Temos de ter espaço onde deitar as grávidas”, avisa Teresinha Simões.

A mesma dúvida sobre a capacidade física de as maternidades receberem as urgências da unidade que fica encerrada. “É a grande preocupação e nós compreendemos e obviamente que também estamos preocupados com isso e estamos a ver”, refere o presidente da ARSLVT.

Teresinha Simões lembra ainda que, além das escalas feitas no que toca aos obstetras, na Maternidade Alfredo da Costa, há ainda o problema da falta de anestesistas.

“Estamos todos a fazer bancos extra para garantir a escala”, diz Teresinha Simões, admitindo que, apesar disso, ainda há dias no verão em que “não há pessoas em número suficiente”.
PR quer esclarecimentos
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse esperar que o eventual fecho rotativo de urgências de obstetrícia em Lisboa seja "devidamente esclarecido e explicado", para "serenar os espíritos das pessoas".

"Eu espero que seja devidamente esclarecido, explicado, para as pessoas perceberem exatamente como vai ser e para não terem depois as preocupações que vi aparecer", defendeu Marcelo Rebelo de Sousa.

Na perspetiva do chefe de Estado, "essa explicação é muito importante para serenar os espíritos das pessoas numa comunidade tão vasta, numa área tão ampla" como é a de Lisboa.

"Eu não tenho exatamente a memória, mas penso que já não é nem a primeira, nem a segunda, nem a terceira vez, quando se aproxima o verão, se fala na hipótese de fecho de urgências, ou de obstetrícia ou de pediatria, enfim, várias especialidades, por causa problemas de funcionamento ou de falta de recursos humanos", lembrou.
Sobre quem é que deve prestar esclarecimentos, Marcelo Rebelo de Sousa pensa que a ARS "vai explicar isso ao parlamento".

O Bloco de Esquerda quer ouvir no Parlamento a Ministra da Saúde e o Presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo. O PCP considera que deve ser com urgência que a Administração Regional de Saúde de Lisboa vá prestar esclarecimentos na Assembleia da República.

Na nota enviada às redações, o Ministério da Saúde garante que “as utentes terão garantidas todas as respostas de que necessitam”, endereçando à Administração Regional de Saúde o ónus de “informar com a devida antecedência a população sobre as medidas que venham a ser decididas”.

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