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Médicos dão dois meses ao Governo até avançarem para greve

por RTP
Pedro A. Pina - RTP

Organizações representativas dos médicos decidiram recorrer a uma greve de três dias caso o Ministério da Saúde não volte a negociar o caderno reivindicativo. Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, avisa que a paciência dos médicos está por um fio.

“A paciência dos médicos está a esgotar-se”, afirmou o sindicalista em entrevista à RTP3, argumentando que, ao contrário do que o Governo afirma, não tem havido diálogo com os médicos e nada aconteceu desde outubro.

“Não há ministro da Saúde. Queremos que apareça, não ande só entre os pingos da chuva e unicamente preocupado com propaganda”, afirmou Roque da Cunha, dizendo que os médicos dão três meses [até final de março] ao ministro. “Se se continuar a esconder e não quiser dialogar, vamos naturalmente para a greve, desta vez de três dias”, garantiu.

A decisão de avançar para a greve foi transmitida no final de uma reunião do Fórum Médico, que decorreu na sede da Ordem dos Médicos, por dirigentes do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

Além do SIM e da FNAM, integram o Fórum Médico a Ordem dos Médicos, a Associação Portuguesa dos Médicos de Medicina Geral e Familiar, a Comissão Nacional do Médico Interno, entre outras organizações representativas destes profissionais.

As organizações acusam o ministro da Saúde de não ter retomado negociações com os médicos desde a última greve, realizada em novembro, para resolver os problemas profissionais.

Roque da Cunha contesta os “critérios economicistas” do Governo. “Há 120 milhões de euros para gastar em empresas de prestação de serviços e não tem meia dúzia de milhares de euros para pagar a especialistas que, se não forem contratados como especialistas pelo Serviço Nacional de Saúde, vão para o privado ou para o estrangeiro”, acusou o representante sindical.

“Há 600 médicos especialistas que acabaram a especialidade no ano passado e não foram contratados. Nem nos piores tempos da troika isto aconteceu”, acusou.

As organizações dos médicos reclamam a abertura de concursos para especialistas, a redução das horas extra nas urgências de 18 para 12, a diminuição do número de utentes em lista de espera de 1.900 para 1.550 e a diminuição das horas extraordinárias para 200 por ano.

No final da reunião, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, disse aos jornalistas que a entidade "estará sempre do lado dos médicos na aplicação das formas de luta que entenderem".

"A greve é uma decisão plausível e aceitável", comentou o bastonário, manifestando "bastante preocupação com os cuidados de saúde em Portugal".

"Há desigualdades no acesso à saúde, e a qualidade dos cuidados de saúde está a decair", disse o bastonário, acrescentando que irá apresentar um caderno de propostas ao Ministério da Saúde para combater esta situação.

Entre essas propostas estão a realização de uma auditoria aos hospitais públicos, a diminuição dos 4.000 médicos especialistas em falta no Serviço Nacional de Saúde e a melhoria dos equipamentos nas unidades de saúde.

Sobre o atraso na abertura de concursos para médicos especialistas, Miguel Guimarães considerou uma "vergonha nacional" e "inaceitável" que "cerca de 700 jovens especialistas formados estejam disponíveis e à espera" de colocação.

c/Lusa

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