Milhares de bombeiros combatem chamas em Portalegre, Santarém e Castelo Branco

por RTP
Rafael Marchante - Reuters

Milhares de bombeiros continuam a combater as chamas em todo o país. Em Mação, o fogo permanece "completamente descontrolado" com cinco frentes ativas. A autarquia prevê "horas dramáticas" ao longo desta quarta-feira e não poupa nas críticas a Lisboa. Mais de 1.800 combatem os quatro grande incêndios que permanecem por dominar no país.

As chamas não dão tréguas aos bombeiros em Mação. O vice-presidente da autarquia explicou à RTP que o fogo mantém cinco frentes ativas, estando “completamente descontrolado”. António Louro prevê “próximas horas dramáticas” com o dia a aquecer.

“Vamos voltar a ter um dia extremamente negro”, prevê o autarca. A falta de meios tem sido o principal obstáculo, segundo António Louro. “Os meios são sempre escassos mas nitidamente não estão à altura da dimensão do problema que temos vindo a enfrentar nos últimos quatro dias", justificou às primeiras horas da manhã.

Pelo menos cinco casas de habitação permanente foram já consumidas pelas chamas, às quais se somam várias habitações secundárias, viaturas e anexos. “São trinta anos que perdemos do nosso esforço: 16 desde o último incêndio e agora precisamos de outros 16 para voltarmos a estar como estávamos no domingo”.

António Louro não pouca nas críticas a Lisboa. O vice-presidente de Mação garante que há 16 anos que as diferentes secretarias de Estado são alertadas para esta eventualidade. “As nossas autoridades foram incapazes de perceber a dimensão do problema, foram incapazes de fazer um esforço para nos acompanhar no extraordinário trabalho que o município fez na área florestal”, acusou.

“Infelizmente, há ministros neste país que não fizeram o seu trabalho. Há gente que não foi capaz de dar resposta e o resultado está aqui à vista”, concluiu o vice-presidente da autarquia.
Quatro grandes incêndios

Mais de 1.800 operacionais combatem grandes fogos em Portugal, com o que teve início na Sertã e se estendeu a Proença-a-Nova e Mação, já no distrito de Santarém, a mobilizar mais de 1.100 bombeiros.

De acordo com a página da Autoridade Nacional de Proteção Civil, este fogo contava também com mais de 300 meios terrestres. Outro incêndio, que teve início na localidade de Vale do Coelheiro (Castelo Branco) no dia 23 de julho e tem duas frentes, mobiliza mais de 400 operacionais e de uma centena de veículos.

Em Portalegre há dois fogos ativos, o maior teve início em Gavião, com mais de 200 operacionais e meia centena de veículos a combaterem as chamas que deflagraram na terça-feira. Em Nisa são quase cem os operacionais no terreno, apoiados por mais de 30 meios terrestres.

Um outro incêndio em Mação, Santarém, que deflagrou na terça-feira, foi dominado, estando ainda no terreno 167 operacionais e 48 veículos.
Risco Máximo de incêndio
Cerca de 30 concelhos da região de Trás-os-Montes e do Centro do país, onde se concentram os maiores incêndios, e quatro concelhos do Algarve estão hoje em risco Máximo de incêndio.

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, estão em risco Máximo cerca de 30 municípios dos distritos de Castelo Branco, Guarda, Coimbra, Leiria, Santarém e Portalegre, assim como os concelhos de Monchique, Tavira, Castro Marim e Alcoutim, no distrito de Faro.

Estão em risco Muito Elevado de incêndio mais de 70 concelhos das regiões Norte e Centro e oito municípios do Alentejo e Algarve.

O IPMA coloca ainda em risco Elevado cerca de 60 concelhos que abrangem toda a região do Alentejo e parte dos distritos de Lisboa, Leiria, Coimbra, Viseu, Porto, Viana do Castelo e Vila Real.

O IPMA prevê para esta quarta-feira uma pequena subida da temperatura mínima e vento forte com rajadas no litoral oeste e nas terras altas. Com a subida das temperaturas, os termómetros deverão chegar aos 39º em Beja e Évora, 38º em Castelo Branco, 37º em Portalegre, 36º em Santarém, 34º em Bragança, 33º em Vila Real e Viseu, 32º em Lisboa e 31º em Coimbra.
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