Ministro apela a proprietários para que não desistam de limpar terrenos

por Lusa

Monchique, Faro, 10 ago (Lusa) -- O ministro da Administração Interna apelou hoje às pessoas com propriedades em zonas florestais para que não desistam da realização dos trabalhos de limpeza dos terrenos, sublinhando que o "esforço de um ano" não é suficiente.

"Um incêndio desta dimensão significa que temos de fazer ainda mais [...]. A lição é que teremos de continuar a fazer, não é o esforço de um ano", sublinhou Eduardo Cabrita, durante uma visita às áreas afetadas pelo incêndio que deflagrou na serra de Monchique.

O governante disse ainda ter ouvido declarações "sem sentido nenhum", antes do final do prazo estipulado para a limpeza de terrenos, no início de junho, de que o Governo estava a "fazer demais" no apelo à limpeza.

"É preciso fazer ainda mais. Já estamos a ter resultados que permitiram limitar danos aqui, como noutras zonas", sublinhou, após ter sido questionado pelos jornalistas sobre proprietários que se queixaram de terem investido na limpeza dos terrenos e, mesmo assim, terem visto as áreas circundantes arder.

Eduardo Cabrita esteve de manhã reunido com as forças da Proteção Civil num `briefing` realizado no posto de comando instalado no centro da vila de Monchique, tendo depois feito uma ronda por zonas ardidas nos concelhos de Monchique e de Silves.

O ministro da Administração Interna frisou que a operação da Proteção Civil chegou a envolver o trabalho de três dezenas de máquinas de rasto, que permitiram, "enquanto o incêndio já estava ativo, fazer zonas de proteção", travando a sua progressão.

"Teria o mesmo sentimento em qualquer região do país, mas esta conheço muito bem, tive família a viver no Enxerim [uma das povoações evacuadas, junto a Silves], é uma zona como conheço poucas no país", concluiu.

O incêndio rural, combatido por mais de mil operacionais e considerado dominado hoje de manhã, deflagrou no dia 03 à tarde, em Monchique, distrito de Faro, e atingiu também o concelho vizinho de Silves, depois de ter afetado, com menor impacto, os municípios de Portimão (no mesmo distrito) e de Odemira (distrito de Beja).

A Proteção Civil atualizou o número de feridos para 41, um dos quais em estado grave (uma idosa que se mantém internada em Lisboa).

De acordo com o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, as chamas já consumiram cerca de 27 mil hectares. Em 2003, um grande incêndio destruiu cerca de 41 mil hectares nos concelhos de Monchique, Portimão, Aljezur e Lagos.

Na terça-feira, ao quinto dia de incêndio, as operações passaram a ter coordenação nacional, na dependência direta do comandante nacional da Proteção Civil, depois de terem estado sob a gestão do comando distrital.

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