Movimento de Moreira quer divulgar áudio da saída do PS da comissão da Arrábida, Porto

por Lusa

O movimento do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, anunciou hoje que vai pedir a divulgação do áudio da sessão da comissão de inquérito às construções na escarpa da Arrábida em que o relator do PS se demite.

Em comunicado enviado hoje, a associação cívica 'Porto, o Nosso Movimento' quer que, "em nome da verdade", seja divulgada também uma "parte" do referido áudio "em que [o relator Pedro Braga de Carvalho] pede para que seja apagado".

"Em nome da verdade e da dignidade das pessoas envolvidas, a Porto, o Nosso Movimento anuncia que pedirá ao Presidente da Assembleia Municipal que, com autorização unânime dos membros da comissão, divulgue o registo áudio da sessão em que Braga de Carvalho se demitiu, incluindo a parte em que pede para que seja apagado", lê-se num comunicado divulgado hoje.

No documento, o movimento defende que "o relator do PS, Pedro Braga de Carvalho, prestou-se ao serviço de tentar fazer passar por `relatório final` um seu documento, que os restantes membros da comissão nem sequer tinham ainda lido".

Este comportamento "desleal e antidemocrático", acrescentam, "levou vários membros da comissão a questioná-lo publicamente e também, pelo que se sabe, em plena comissão".

Nessa altura, escreve-se no comunicado, "Pedro Braga de Carvalho abandonou então os trabalhos, não por acaso imitando o PSD e desertando ao ser questionado. E não explicou como apareceu o falso `relatório final` na Agência Lusa".

A associação `Porto, o Nosso Movimento` sublinha que "a cultura democrática do `centrão` constituído pelo PS e PSD funciona apenas quando um dos dois (ou ambos) está no poder", pelo que, nesta comissão, "estes dois partidos não aceitaram a democracia, quando esta funcionou para desmascarar um truque".

No comunicado intitulado "Pedida divulgação pública do áudio da comissão em que socialista se demite depois de apresentar falso relatório final sobre a Arrábida", o movimento de Rui Moreira afirma ainda que "a tentativa de recuperar para o PS alguma dignidade, num processo em que ficaram claras a deslealdade e falta de cultura democrática, levou Manuel Pizarro, vereador da Câmara do Porto e líder local do partido de Braga de Carvalho, a fazer afirmações escritas que ferem a verdade".

Pizarro, lê-se no comunicado "não assistiu a nenhuma sessão da comissão. Não assiste, aliás, há muitos meses, a qualquer sessão pública da Assembleia Municipal. Faltou, por consequência, à sessão onde foi discutida a aprovada a constituição da comissão. Mas escreve, acusando de forma pouco ética, sobre o que lá se passou e a que não assistiu".

À Lusa o presidente da concelhia do PSD/Porto, Hugo Neto, considera o pedido de divulgação do registo de áudio da sessão em que Braga de Carvalho se demitiu é "mais um número mediático e uma manobra de diversão, numa comissão que, desde o início está inquinada".

O dirigente considera que "não faz sentido que seja apenas divulgado um `frame`, defendendo que, "a existir, a lógica de acesso às gravações deve ser total e não parcial".

Hugo Neto diz até que "o PSD tem muita curiosidade em ver como vai reagir o público às incoerências de alguns membros a comissão" no decorrer dos trabalhos da comissão.

A Lusa tentou obter uma reação do PS, mas tal não foi possível atá ao momento.

Por decisão unânime dos membros da comissão, as sessões da comissão de inquérito são gravadas para melhor elaboração das atas.

A Comissão Eventual de Inquérito foi criada em outubro e era inicialmente composta por seis membros, um de cada grupo municipal. Com a saída do PSD, PS e do BE restam como "membros efetivos" André Noronha, do movimento "Rui Moreira, Porto O Nosso Partido", Rui Sá, da CDU, e Bebiana Cunha, do PAN.

Na terça-feira, a Comissão de inquérito às construções na Arrábida anunciou que vai pedir uma prorrogação do prazo por dez dias, alegando "impossibilidade" de concluir os trabalhos porque só recebeu "um relatório" no domingo.

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