Nova administradora promete analisar "com detalhe" precariedade na RTP

por RTP
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Numa audição parlamentar, esta terça-feira, Luísa Coelho Ribeiro admitiu ter "noção clara" do "enorme desafio" que o Conselho de Administração da Rádio e Televisão de Portugal tem pela frente, sendo "necessário ser realista em relação aos objetivos" do plano estratégico 2021-2023. A futura vogal da administração da estação pública, indigitada para o CA, considera que "a precariedade em funções que são fundamentais para a empresa" não tem "muita lógica" e, por isso, garante que este é um dossier que vai "estudar" "com detalhe".

Com um currículo marcado pela experiência profissional na área financeira e de gestão em empresas, sobretudo, nos setores das telecomunicações, media e tecnologias de informação, Luísa Coelho Ribeiro começou por admitir que a RTP é uma empresa "complexa e com 'stakeholders' diversificados", sendo por isso "fundamental continuar a ter um modelo de financiamento estável". Mas também, apontou a responsável, é necessário "ser realista em relação aos objetivos e os meios disponívies para os alcançar".

"Há já alguns compromissos por parte da tutela em reforçar com fundos a empresa, até decorrentes de compromissos anteriores e isso obviamente será bem-vindo, no sentido em que há aqui objetivos ambiciosos, até tecnológicos, que são muito necessários na fase em que estamos e para conseguir ter presença importante no mercado", apontou.

"E, portanto, entro na RTP com todo o entusiasmo, mas também com a noção clara do enorme desafio que esta administração tem pela frente. Por isso, venho de mente aberta", afirmou na comissão parlamentar de Comunicação e Cultura, onde foi ouvida esta terça-feira à tarde.

Todavia, para a futura vogal do CA da RTP, responsável pela área dos recursos humanos enquanto administradora financeira, "não há empresa de sucesso sem que haja bem-estar social".

"Acredito que são os recursos humanos o âmago da RTP", declarou. "O início de tudo são as pessoas, a qualidade dos recursos humanos e o seu nível de satisfação".

Questionada sobre a precariedade na empresa, a responsável que entra em funções a 6 de outubro, defendeu que os profissionais têm de ter um tipo de conhecimentos e capacidades menos comuns no mercado, o que torna difícil a sua substituição caso saiam para outras entidade. Esse é mais um motivo, esclareceu Luísa Coelho Ribeiro, "para serem bem tratados e sentirem que são bem avaliados" e que essa "avaliação traz consequências".

Referindo-se ainda aos "colaboradores em situação de precariedade", a administradora financeira considerou que não tem "muita lógica", até do ponto de vista financeiro, a precariedade em "funções que são fundamentais para a empresa".

A dias de assumir o cargo no CA da RTP, Luísa Coelho Ribeiro assumiu que estas situações "recorrentes" ficam, normalmente, "mais caras", quando "as pessoas não estão integradas nos quadros".

"Depende da importância que essas funções tenham para a normal produção de conteúdos", apontou, considerando que pode haver, contudo, situações esporádicas em que a empresa recorre a contratos de contratação temporária.
CA vai analisar em detalhe publicidade e contrato de concessão
Também questionada sobre a sua posição quanto à publicidade nos canais públicos, a gestora disse não ter, à partida, uma posição contrária à publicidade, "na medida em que ela, até agora, tem sido necessária".

"A partir do momento em que a empresa é dotada dos meios financeiros necessários, não estou muito preocupada se eles vêm da CAV [Contribuição Audiovisual], de indemnização compensatória, de publicidade", referiu.

"Se deixar de ser necessária [...], pois, com certeza, não tenho nada contra acabar-se com a publicidade e preencher esse tempo - que já não é muito, convenhamos - com programação de qualidade", acrescentou a responsável.

No que toca à revisão do contrato de concessão da RTP, Luísa Coelho Ribeiro disse esperar "contribuir para um estudo mais detalhado" do documento.

"É uma das minhas prioridades, é perceber como foi feito, quais foram os pressupostos e por, outro lado, não posso deixar de dizer que também gosto de trabalhar com margens de salvaguarda, refiro-me a resultados líquidos provisionais que sejam mais expressivos, embora, [...] se compararmos com a generalidade das empresas genericamente falando, a RTP é privilegiada. A RTP à partida tem já uma receita significativa", afirmou.

No entanto, ressalvou, se o objetivo é "fazer mais, melhor e com maiores custos", então é necessário "dotar a empresa de meios e escalonar, ao longo do tempo, quais são as prioridades".

A nova administradora financeira da RTP disse ainda estar completamente "alinhada" com o plano estratégico da empresa e destacou a importância da evolução para uma transmissão em multiplataforma, para não se perder as audiências mais jovens.

"O que me parece é que este plano estratégico é bastante ambicioso, aliás já falei sobre isso com os restantes futuros colegas de Conselho de Administração [o presidente, Nicolau Santos, e o vogal Hugo Figueiredo] e, portanto, vai ser depois necessário colocar aí um calendário de prioridades", acrescentou.
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