Novo dispositivo evita o desenvolvimento de insetos e fungos em produtos armazenados

por Lusa

Porto, 29 mar (Lusa) -- Investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) desenvolveram um dispositivo que, através da vaporização de óleos essenciais, "impede o desenvolvimento de fungos e insetos" em produtos secos armazenados como cereais ou leguminosas, revelou a responsável.

Em entrevista à agência Lusa, Margarida Bastos, membro do Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente, Biotecnologia e Energia (LEPABE) da FEUP e responsável pelo projeto `CROPEO` explicou que foi "a elevada degradação de alimentos armazenados nos países subdesenvolvidos" que levou a equipa de 12 investigadores a trabalharem neste dispositivo.

"Vemos várias Organizações Não Governamentais (ONG) a distribuírem alimentação em regiões onde as temperaturas são muito elevadas e onde a variação dos teores de humidade é grande. Os alimentos que, na maioria das vezes, são fechados em bidões de plástico quando expostos a esses fatores, estragam-se e quando vão a ser consumidos pela população já estão em avançado grau de degradação", apontou a docente de química orgânica da FEUP.

Segundo Margarida Bastos, foi no âmbito do projeto `Microprotect`, iniciado em 2012 e do qual resultou uma patente internacional, que surgiu o `CROPEO`, projeto que tem como propósito dar "continuidade ao trabalho desenvolvido" pelos investigadores da FEUP, do Instituto Superior de Agronomia e do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV).

O dispositivo, que tem o aspeto de uma "esfera perfurada contendo no interior os óleos essenciais", é colocado num "ambiente confinado" juntamente com os produtos secos e impede o desenvolvimento de insetos e fungos que se desenvolvem no seu interior.

"O dispositivo contém no interior óleos altamente viscosos e com altos pontos de ebulição derivados de plantas aromáticas que, ao passarem para a fase de vapor, evitam o desenvolvimento de insetos e fungos", esclareceu.

A equipa de investigadores, que já fez um ensaio em 40 quilos de milho armazenado, decidiu "passar para uma escala maior", estando, desde o início do ano, a testar o dispositivo em 600 quilos de milho.

"Concorremos ao BIP Proof (iniciativa da U. Porto Inovação) e é com base no financiamento deste programa que estamos a desenvolver os ensaios", disse.

À Lusa, Margarida Bastos adiantou que a equipa, que se encontra à espera da resposta ao pedido de patente europeu e americano, pretende desenvolver um dispositivo onde a "parte ativa que contém os óleos essenciais seja substituída por recargas".

"Neste momento está tudo em aberto. A Universidade do Porto está a tentar contactar com empresas que possam estar interessadas no produto e em dar seguimento às patentes, isto porque as descobertas não são para ficarem fechadas na gaveta", concluiu.

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