Número de arguidos no processo dos Comandos vai subir para 18

por RTP
Hazir Reka - Reuters

O Ministério Público constituiu arguido, ao início da tarde desta quarta-feira, mais um sargento no processo que investiga as mortes de recrutas durante o 127.º Curso de Comandos. Até ao final do dia, segundo apurou a RTP, serão 18 os arguidos deste caso.

Ainda durante esta tarde será constituído arguido um cabo, além do sargento.

Na semana passada, o Ministério Público interrogou o comandante da Companhia de formação de Comandos Rui Monteiro, o 10.º arguido do processo, que optou então pelo silêncio. O capitão está indiciado pelo crime de abuso de autoridade por ofensas à integridade física. O inquérito deverá estar concluído até às férias judiciais de verão.


Em causa estão os acontecimentos de setembro de 2016, durante o 127.º Curso de Comandos, marcado pelas mortes dos recrutas Hugo Abreu e Dylan Araújo. Outros militares tiveram de receber assistência hospitalar.

O Ministério Público sustenta que os arguidos estariam conscientes de que os instruendos não reuniam condições físicas e psíquicas para levar por diante a instrução, tendo em conta a privação de água e as altas temperaturas.

Considera também que os arguidos agiram revelando manifesto “desprezo pelas consequências gravosas que provocam nas vítimas”.
“Olhar em frente”
O próximo Curso de Comandos tem início já na próxima sexta-feira. No início desta semana, à margem de uma deslocação ao Regimento de Infantaria 13, em Vila Real, o ministro da Defesa assegurou que “foi feito tudo” para prevenir casos como o do 127.º Curso.
“Seria impensável”, nas palavras do ministro da Defesa, “esperar pelo encerramento do processo judicial para tomar uma decisão quanto ao reinício” do Curso de Comandos.

“A tragédia de setembro ocorreu, não deve ser esquecida e não foi esquecida na reação tanto do ministro da Defesa Nacional como do próprio Exército. Agora cabe olhar em frente, verificar que tudo o que podia ser feito para evitar a ocorrência de novo de situações do género, tudo isso foi feito. Essa é a única garantia evidentemente que eu posso dar”, vincou Azeredo Lopes.

O ministro expressaria ainda confiança no Exército e no Chefe de Estado-Maior, “que fez o que estava ao seu alcance para corrigir aquilo que foi detetado que merecia ser corrigido e que justificava ser corrigido”.

“Nós estamos a falar de uma formação, de um treino que é muito exigente, e eu não posso, em nenhuma circunstância garantir, porque essa garantia seria mentirosa, que não voltará a acontecer aquilo que aconteceu em setembro”, reconheceu.
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