Número de estrangeiros continua a aumentar no interior da região de Coimbra

por Lusa

Os concelhos do interior da região de Coimbra afetados pelos incêndios de outubro de 2017 viram a população estrangeira continuar a aumentar nos últimos cinco anos, com os fogos a não abrandarem as dinâmicas já estabelecidas.

Se após os fogos de 2017 havia o receio de que os fluxos migratórios de cidadãos estrangeiros, em especial da Europa central e do Reino Unido, pudessem estagnar, os dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) consultados pela agência Lusa apontam para um crescimento contínuo da população nos concelhos do interior da Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra.

Arganil, com uma comunidade já estabelecida antes dos fogos na zona de Benfeita, viu o número de cidadãos estrangeiros duplicar entre 2016 e 2021, passando de 368 cidadãos com estatuto legal de residente para 741.

Relativamente aos municípios afetados pelos fogos de outubro de 2017, aquele concelho só é superado em número por Oliveira do Hospital, que continua a ser o município do interior do distrito com mais residentes estrangeiros (866), com um aumento de 69% em cinco anos.

Em terceiro, está Tábua, com 688 residentes estrangeiros, tendo aumentado 67% no espaço de cinco anos.

Já Mortágua registou um aumento de 85% de estrangeiros e Penacova de 116%, passando a contar com 208 residentes estrangeiros no concelho.

João Portugal, agente imobiliário desde 2013, abriu uma agência em 2020, trabalhando essencialmente os concelhos de Arganil e Tábua. Fala de muita procura nos anos mais recentes e sublinha que 80% dos seus clientes são estrangeiros.

"Em 2021, dupliquei a faturação e este ano vou voltar a duplicar", realçou, considerando que os incêndios não vieram alterar as dinâmicas já estabelecidas de estrangeiros que procuram casas no interior do distrito de Coimbra.

Para isso, contribui também o facto de já existir "uma forte comunidade de estrangeiros" e de as autarquias estarem mais abertas a estas dinâmicas.

"Ao contrário do início, que eram clientes jovens que vinham à procura de ruínas de 30 ou 40 mil euros, agora são pessoas mais velhas que compram casas a pronto para viver a reforma. Ainda se encontram casais jovens, mas acima de tudo são reformados", realçou.

Também Nuno Fernandes, responsável de uma outra imobiliária na região, salienta que, se nos primeiros meses, os incêndios abalaram "um bocado o mercado", depois "voltou-se ao ritmo normal".

Com 90% dos seus clientes estrangeiros e a trabalhar no território há 15 anos, o agente imobiliário sublinha que "há muitas pessoas que vêm apesar de algum receio dos incêndios, que os custos em Portugal são baixos".

"Houve muitos a quererem também vender depois dos incêndios, mas os que entraram superam bastante os que saíram", frisou.

O perfil continua a ser bastante heterogéneo, nota, referindo que tanto há estrangeiros à procura de alcançarem a autossuficiência com a compra de quintas, assim como idosos que vivem das suas reformas, jovens que têm trabalhos remotos ou ainda alguns empreendedores que criam negócios de turismo rural.

"A população continua a crescer", nota o presidente da Câmara de Arganil, Luís Paulo Costa, sublinhando que os cidadãos estrangeiros no concelho estão "bem integrados" e assumem-se como uma peça "muito importante" para o município.

Cinquenta pessoas morreram e cerca de 70 ficaram feridas na sequência dos incêndios de uutubro de 2017 na região Centro, que também destruíram total ou parcialmente cerca de 1.500 casas e mais de 500 empresas.

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