Pais desempregados com depressão e ansiedade com impacto na saúde das crianças

por Sandra Henriques

Foto: Jorge Correia/Antena1

A diretora do serviço de pediatria do Hospital de Santa Maria, Maria do Céu Machado, afirma que se tem sentido um aumento do número de pais desempregados com problemas de depressão, angústia e ansiedade, que se refletem na saúde das crianças.

Em declarações à Antena1, Maria do Céu Machado começa por comentar a notícia que a rádio pública avançou esta manhã de que crianças chegam doentes ao Hospital de Santa Maria, em Lisboa, por terem fome. Os seus pais estão desempregados, e não têm dinheiro para comida, nem para medicamentos.

Maria do Céu Machado assegura que os casos de crianças com fome ou subnutridas que chegam ao hospital “não têm aumentado de forma exagerada, mas posso garantir que estamos todos muito atentos a este assunto”. O que têm aumentado é o número de pais desempregados, registando-se também uma ligeira subida do número de crianças que são deixadas para adoção, nomeadamente recém-nascidos.

Questionada pelo jornalista Luís Soares sobre a forma de atuação nos casos de crianças que chegam com fome, Maria do Céu Machado explica que quando algum médico ou enfermeira deteta uma situação em que suspeita de problemas financeiros dos pais é marcada uma reunião com a técnica de Serviço Social, que procura orientar e resolver o problema. Há quatro técnicas de Serviço Social que trabalham apenas na pediatria. Estes problemas são discutidos todos os dias de manhã em reunião de todos os profissionais de serviço.

A diretora do serviço de pediatria do Hospital de Santa Maria conta que tem havido um aumento de problemas de saúde mental de pais e crianças. “O que se verifica mais atualmente não é a falta de uma alimentação correta, é mais problemas psicológicos e de saúde mental. Estes pais e famílias com problemas de desemprego, muitas vezes do casal, começa a ter problemas de depressão, angústia e ansiedade e isso reflete-se nas crianças. Isso sentimos mais”, refere.

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