PJ investiga corrupção na Inspeção-Geral das Finanças

por RTP
Dois altos responsáveis foram previamente constituídos arguidos, mas não estão previstas detenções nesta fase do processo Pedro A. Pina - RTP

A Polícia Judiciária está a fazer buscas na Inspeção-Geral das Finanças (IGF), Ministério da Defesa e Cruz Vermelha Portuguesa. Também estão em curso várias buscas domiciliárias. As autoridades suspeitam que alguns inspetores das Finanças vendam informações confidenciais para o exterior.

A RTP apurou que estão em causa os crimes de corrupção passiva, peculato e abuso de poder imputáveis a altos responsáveis de serviços centrais da administração pública.

Em concreto pode estar a prática de atos ilícitos no âmbito de concursos e em ações de fiscalização que lesaram gravemente o Estado nos seus interesses financeiros, obtendo os visados benefícios individuais.

Na IGF as autoridades suspeitam de irregularidades na contratação de equipas e meios.

Fazem parte da equipa de buscas 50 inspetores da Polícia Judiciária, peritos informáticos e financeiros, seis magistrados do Ministério Público, bem como auditores.

A notícia foi avançada pelo Correio da Manhã que refere que um dos suspeitos de venda de informações confidenciais é o inspetor-geral Vítor Braz.

Na origem da investigação estiveram várias denúncias na IGF, que citaram Vitor Braz, o inspetor-geral da entidade, por conflito de interesse e crimes de tráfico de influência.

O Correio da Manhã escreve que existem suspeitas da existência de “toupeiras” na IGF que aceitaram subornos de interesses privados.

As buscas também visam apurar o eventual conflito de interesses de vários inspetores da IGF, que alegadamente acumulam funções remuneradas em empresas públicas, que têm como dever fiscalizar.

O jornal refere que vários diretores da IGF acumulam cargos em hospitais e noutras instituições. O próprio inspetor-geral, Vítor Braz, é simultaneamente presidente do conselho de auditoria da Santa Casa da Misericórdia.

As autoridades tentam apurar ainda se a IGF cumpre com rigor a missão de fiscalização do financiamento de largos milhões de euros do Estado, através do Ministério da Defesa, à Cruz Vermelha Portuguesa.

A Procuradoria-Geral da República confirmou à Agência Lusa "a realização de uma busca no âmbito de um inquérito dirigido pelo Ministério Público do DIAP de Lisboa".

Também instada pela Lusa, fonte oficial do Ministério das Finanças recusou-se a comentar, dizendo que não comentava "processos judiciais em curso".
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