Portadores de paralisia cerebral de Gondomar criam projeto para eliminar obstáculos

por Lusa

Um grupo de cidadãos portadores de paralisia cerebral de uma associação do Porto elaborou um projeto de eliminação das barreiras arquitetónicas que integrou o orçamento participativo da câmara de Gondomar, disse à Lusa o presidente da instituição.

Denominado "Passeios à medida" o projeto, segundo João Cottim Oliveira, que lidera a Associação do Porto de Paralisia Cerebral (APPC), "nasceu no seio das reuniões que os 32 residentes na Villa Urbana, em Valbom", em Gondomar, realizam semanalmente.

"A ideia é sensibilizar a câmara para a elaboração de um decreto-lei que defina as medidas dos passeios públicos, deixando assim aberta a possibilidade de acesso aos serviços públicos, cafés, bancos e hipermercado a quem tem de deslocar-se em cadeiras de rodas", esclareceu.

Implantada naquela cidade nos arredores do Porto desde 2003, a Villa Urbana não acolhe apenas indivíduos portadores de paralisia cerebral, disponibilizando também à comunidade os serviços de creche, ATL e uma piscina.

"Eles reúnem-se todas as semanas, para debater os problemas, mas também para discutir e elaborar projetos e iniciativas e falar sobre a envolvente da área onde habitam, daí nasceu o projeto para o orçamento participativo", acrescentou o responsável.

O resultado dessas reuniões é depois apresentado no encontro mensal com o presidente, sendo "as barreiras arquitetónicas, como os passeios estreitos ou a ausência de rampas, por exemplo, para acesso às caixas multibanco, os problemas que mais afetam os residentes", disse à Lusa o responsável da comissão de moradores, António Magalhães.

"Quando viemos viver para cá havia muitas barreiras ao nível da mentalidade", disse António Magalhães que apontou o dedo "a quem, com o passar do tempo, prometeu a colocação de rampas para acesso aos serviços públicos e nunca cumpriu".

Argumentando ser princípio da APPC "a inclusão" porque procura que toda a comunidade possa participar, o presidente da associação apontou também o problema dos "transportes públicos, que continuam a não estar preparados, apesar dos apelos para darem acesso a quem tem de deslocar-se em cadeiras de rodas".

Apesar de 2017 ser ano de eleições autárquicas, João Cottim Oliveira disse não ter "muita esperança no sucesso do projeto apresentado à câmara", preferindo pensar que "irá ser conseguido pela via negocial e da participação".

Os 32 residentes da Villa Urbana dividem-se entre nove mulheres e 23 homens, residindo alguns em apartamentos individuais e outros em partilha, num total de 16 habitações entre T1 e T3.

 

 

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