Portugal entrega vacinas a Cabo Verde e acelera calendário para lusófonos

por Lusa

O ministro dos Negócios Estrangeiros considerou hoje que a entrega do primeiro lote de vacinas contra a covid-19 a Cabo Verde marca uma nova fase na política de cooperação, permitindo acelerar o calendário para outros países lusófonos africanos.

"O nosso compromisso político, que assumimos em fevereiro, de destinar pelo menos 5% das vacinas a que temos direitos ao abrigo da contratação pública europeia, para os países lusófonos africanos e para Timor-Leste, começa a ser cumprida com a antecipação do calendário", afirmou Augusto Santos Silva.

"Seguir-se-ão outras doações à medida que tivermos disponibilidade em função das nossas próprias compras e à medida que os países africanos de língua portuguesa forem identificando as suas necessidades mais prementes", acrescentou o ministro de Estado e Negócios Estrangeiros.

Em declarações à Lusa no dia em que o Governo anunciou que o primeiro lote de vacinas chegará hoje à noite à Cidade da Praia, Santos Silva disse que a antecipação das entregas resultou do agravamento da situação em Cabo Verde.

Questionado sobre a razão da antecipação do calendário, o governante respondeu que "resulta de a situação pandémica em Cabo Verde se ter agravado" e pormenorizou que "à data de hoje, segundo os dados internacionais, a taxa de novas infeções nos últimos 14 dias por 100 mil habitantes estava acima de 700, o que implicou que Portugal tivesse recebido um pedido do Governo de Cabo Verde para acelerar o processo de doação de vacinas".

Para além das 24 mil vacinas, Portugal vai enviar também "uma doação de material necessário para a inoculação", disse o ministro, concluindo que a iniciativa significa a passagem "a uma nova fase do programa de cooperação que já teve fases anteriores, como a disponibilização de equipamentos de proteção, até ao apoio à realização de testes e à formação de profissionais de saúde, no qual Portugal já investiu mais de 5 milhões de euros".

Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) salientou que a iniciativa, praticamente dois dias antes da chegada à Praia do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para uma visita de algumas horas a Cabo Verde, resulta "do esforço conjunto" do MNE, através do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua e da embaixada de Portugal na Cidade da Praia, e do Ministério da Saúde, através da Direção-Geral da Saúde e da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed).

Cabo Verde já vacinou cerca de 15.900 pessoas com pelo menos a primeira dose das vacinas da Pfizer e da AstraZeneca, dos quais 94% são profissionais de saúde, e espera receber ainda este mês vacinas de Portugal, anunciou em 03 de maio o diretor nacional de Saúde, Jorge Noel Barreto.

Cabo Verde recebeu 24.000 doses da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca em 12 de março e 5.850 da Pfizer dois dias depois, com o plano de vacinação nacional a iniciar-se em 19 de março, assumindo o Governo a meta de imunizar 70% da população até final do ano.

O Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, disse hoje que prevê abordar as relações na área da Saúde, nomeadamente a vacinação contra a covid-19 em Cabo Verde, durante a receção, na segunda-feira, a Marcelo Rebelo de Sousa.

Numa nota divulgada pelo chefe de Estado, Jorge Carlos Fonseca disse que vai manter um encontro com o Presidente português, no Palácio Presidencial, na cidade da Praia, seguido de um almoço de trabalho, prevendo ainda falar sobre a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), cuja presidência rotativa Cabo Verde entrega a Angola em julho.

Marcelo Rebelo de Sousa realiza em 17 de maio uma visita de cerca de seis horas a Cabo Verde, mais curta do que o previsto inicialmente devido à situação epidemiológica da pandemia de covid-19 no arquipélago, embora prevendo ainda reuniões com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, e com o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Santos.

Depois da Praia, Marcelo Rebelo de Sousa segue para a Guiné-Bissau, para uma visita oficial ao país.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.333.603 mortos no mundo, resultantes de mais de 160,3 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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