Portugal pronto a participar em ações NATO em caso de ameaça

por RTP

O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, esteve no Telejornal e explicou que a participação portuguesa na Força de Reação Rápida da NATO se deve a rotatividade à semelhança de outros países membros.

"Não há para já nenhuma ativação" desta força, acrescentou. "Tem de haver primeiro um pedido nesse sentido das autoridades militares da NATO e em segundo lugar tem de haver o procedimento constitucionalmente estabelecido em Portugal", explicou.

Uma ameaça a países NATO poderá levar contudo a esse primeiro pedido, admitiu João Cravinho e "Portugal participará solidariamente".

O ministro da Defesa revelou ainda que Portugal tem estado a dar "apoio não letal" à Ucrânia num quadro "de amizade" com aquele país, especificando que se tratou de "coletes, capacetes", caracterizou, além de tratamento hospitalar a militares ucranianos feridos em combate.

"Não está previsto neste momento dar apoio em termos de armas letais", afirmou.

João Cravinho lembrou ainda que, em caso de ataque aos países bálticos, Letónia, Estónia e Lituânia, a NATO deverá acionar o "famoso artigo 5", que diz "um ataque contra um é um ataque contra todos"m incluindo Portugal.

O ministro da Defesa português considedrou ainda "preocupante" a "tresleitura a que temos vindo a assistir por parte do Presidente Putin" quanto à importância das comunidades e ligações russófonas na Ucrânia.

"Nós já ouvimos no passado, em relação à Alemanha, nos anos 30" leituras do mesmo teor, lembrou. 

"Quero acreditar que Putin pense duas, três, quatro vezes antes de qualquer atitude contra um país membro da NATO" frisou ainda.

João Cravinho lembrou que "a NATO é a âncora para a segurança da Europa e é assim desde 1949 quando a NATO foi criada", para explicar que a União Europeia não tenha forças militares próprias.

Além disso, "o desenvolvimento de uma identidade europeia de defesa, que Portugal apoia fortemente, é entendida como complementar e não alternativa em relação à NATO", referiu.

"Isto porque a União Europeia tem alguns interesses estratégicos que não coicindem com os da NATO, em África, no Golfo da Guiné ou na região do Sahel" lembrou Gomes Cravinho. "São áreas em que a UE tem de ter alguma capacidade de actuação própria, de comando e controlo".

Na atual crise, o ministro da Defesa, "a NATO é a instituição que todos os países europeus membros" da Aliança, 21 dos 27, se encontram, pelo que "não está aqui em causa a utilização da União Europeia como entidade militar para contrapor à situação que se vive na Ucrânia".

"Pelo contrário, o que se verifica aqui é uma grande complementaridade, porque quem está em ação hoje é a União Europeia, não é a NATO, com sanções fortemente penalizadoras para a economia russa", sublinhou ainda Gomes Cravinho.
Futuro em continuidade
Sobre os ciberataques que atingiram esta quarta-feira entidades governamentais ucranianas e que têm afetado também Portugal, o ministro reconheceu que "estamos todos vulneráveis".

Gomes Cravinho reconheceu que a Rússia tem desenvolvido uma elevada capacidade de ciberataques, de ciberguerra e adiantou que o Ocidente não está de braços cruzados. "Estamos todos simultaneamente a trabalhar para reforçar as nossas defesas", garantiu, revelando que "Portugal está razoavelmente adiantado em termos europeus mas temos plena consciência de que temos de, nas nossas sociedade altamente digitalizadas, grandes vulnerabilidades a ciberataques".

"Isto é um novo mundo no qual estamos a desenvolver as nossas capacidades de defesa mas não escondo que temos vulnerabilidades", reconheceu.

João Gomes Cravinho descartou ainda a importância de continuar ou não a desempenhar o cargo de ministro da Defesa no próximo executivo de António Costa.

Portugal, afirmou, "tem instituições muito sólidas, temos uma grande fluidez de comunicação entre Presidência da República, Governo, as nossas Forças Armadas, o principal partido da oposição.

O ministro garantiu "que não tenho dúvidas nenhumas, qualquer que seja a solução governativa haverá continuidade na postura de Portugal em matéria de defesa".
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