Portugueses consumiram mais doces durante a pandemia, mas também fizeram mais exercício

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Pedro Nunes - Reuters

Um estudo desenvolvido pela Direção-Geral da Saúde (DGS), em parceria com o Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, concluiu que o confinamento alterou os hábitos alimentares e de atividade física dos portugueses. A maioria considera que a mudança foi para melhor, apesar de a pandemia ter aumentando o apetite por snacks doces, assim como o sedentarismo.

De acordo com o estudo REACT-COVID 2.0, 36,8% dos portugueses inquiridos reportaram ter mudado os seus hábitos alimentares nos primeiros 12 meses da pandemia. Destes, 58,2% têm a perceção de que mudaram para melhor e 41,8% para pior.

Segundo o estudo, os portugueses passaram a recorrer mais a refeições take-away (32,2%), a consumir mais snacks doces (26,3%), mas também a ingerir mais água (22,3%) e a consumir mais produtos hortícolas (18,6%) e fruta (15,2%).

Por sua vez, durante o confinamento, os portugueses diminuíram o consumo de snacks salgados (17,2%), de refeições pré-preparadas (16,5%), de bebidas alcoólicas (15,4%) e refrigerantes (13,4%).

Em suma, as alterações nos hábitos alimentares parecem relacionar-se a três grandes fatores: aumento das refeições realizadas em casa (33,4%) e/ou aumento do número de refeições cozinhadas (19,4%); alterações no apetite motivadas por razões emocionais (24,9%) e a alteração da frequência de idas às compras (21,7%).

Associado aos fatores emocionais estão níveis elevados de fome hedónica, isto é, “fome pelo prazer de comer”. O estudo identificou 22% da população com fome hedónica durante o confinamento, sendo que esta parcela da população foi a que adotou hábitos alimentares menos saudáveis. Esta poderá ser a razão do aumento do consumo de snacks doces durante o confinamento.

O estudo concluiu ainda que os padrões alimentares menos saudáveis foram mais prevalentes em estudantes, bem como nas pessoas com mais dificuldades económicas e em risco de insegurança alimentar.
Portugueses melhoraram a atividade física, mas aumenta o sedentarismo
O estudo, que contou com a participação de cerca de cinco mil pessoas, confirma também uma tendência de melhoria dos níveis de atividade física. Dos inquiridos, 54,3% descrevem-se como ativos (em 2020 eram 46%), 28,9% moderadamente ativos (20,5% em 2020) e 16,8% pouco ativos (em 2020 eram 33,5%). Entre as atividades mais praticadas durante o confinamento, destacam-se a caminhada, seguida do treino de força, atividades fitness e corrida.

A maioria dos inquiridos respondeu realizar exercício físico para se manter saudável, para evitar ganhar peso e como forma de aliviar o stress. Entre as principais razões apontadas para a diminuição da atividade física estão os sintomas de tristeza e ansiedade e a impossibilidade da prática de exercício físico em grupo. “Os sintomas de tristeza e ansiedade foram especialmente indicados pelos mais jovens, menos ativos e com perceção de situação financeira difícil ou muito difícil”, lê-se no estudo.

Por outro lado, aumentou também o tempo sedentário, sendo este de sete ou mais horas por dia para 46,4% dos inquiridos (38.9% em 2020). Comparativamente ao período pré-pandemia, 51,2% dos portugueses consideram que o tempo sentado diário era igual e 41% superior. Apenas 7,8% respondeu ser inferior.

“O principal motivo apontado para o aumento do tempo sentado diário foi passar mais tempo em casa, em atividades de lazer em que se está sentado (53,4%). Este motivo foi especialmente apontado pelas pessoas mais velhas (55 anos ou mais) e com menor escolaridade”, explica o estudo.
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