Presidente do conselho de administração do Hospital da Ilha Terceira demite-se

por Lusa

O presidente do conselho de administração do Hospital da Ilha Terceira, nos Açores, demitiu-se hoje, na sequência de acusações de favorecimento da mulher na nomeação como diretora de um departamento da unidade, que ela rejeitou.

"Informei o senhor secretário regional da Saúde e Desporto que não é aceitável o que foi feito e, por isso, não mantenho a disponibilidade para continuar a liderar este projeto para o qual fui convidado, não obstante a boa relação que sempre tive com o mesmo secretário regional", adiantou José Fernando Gomes, em comunicado de imprensa.

O administrador justificou a decisão com o facto de terem sido colocadas em causa a sua honra e o seu bom nome.

"Foram postos em causa os princípios éticos da minha atuação, a minha honra e o meu bom nome, sem que para tal tivesse havido qualquer fundamento, a não ser puro oportunismo político, forma de atuação com a qual não me revejo", apontou.

Licínia Gomes, funcionária do hospital e mulher do presidente do conselho de administração, foi nomeada, no início de maio, para o cargo de diretora do departamento de gestão de utentes, que já tinha ocupado no passado, mas acabou por renunciar.

Ouvido, na terça-feira, na Comissão de Assuntos Sociais da Assembleia Legislativa dos Açores, o presidente do conselho de administração do Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira (HSEIT), assegurou que "foram os restantes membros do conselho de administração" que tomaram a decisão, numa deliberação na qual não participou, e que a escolha se prendeu com o currículo da funcionária e não com o facto de ser sua familiar.

No comunicado enviado hoje, José Fernando Gomes disse que aguardou pela audição na Comissão de Assuntos Sociais, por considerar que era o local onde o assunto devia "ser tratado".

"Ficou claramente demonstrado que não houve qualquer favorecimento no que respeita à deliberação do conselho de administração", frisou.

O presidente do conselho de administração, que iniciou funções em janeiro, destacou, no mesmo comunicado, os "resultados" do combate às listas de espera no HSEIT.

"Comparando com o primeiro trimestre do ano anterior, neste primeiro trimestre deste ano já efetuámos mais consultas externas (mais 368), mais cirurgias (mais 70, ou seja, mais 7,28%), mais sessões em hospital de dia (mais 210), mais exames e tratamentos (mais 24.026) e mais doentes tratados (mais 172)", salientou.

Instado a comentar o caso, no dia 09 de maio, o presidente do Governo Regional dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), José Manuel Bolieiro, disse não considerar "aceitável" a nomeação e acrescentou que o assunto seria "resolvido de imediato".

José Fernando Gomes, ex-autarca do PSD, lembrou, na Comissão de Assuntos Sociais, que a mulher já tinha sido nomeada anteriormente para cargos semelhantes no hospital, no tempo em que o PS governava a região.

Acrescentou ainda que não era prática da unidade de saúde abrir concursos para este tipo de cargo e que o currículo da profissional falava por si.

"É uma técnica que tem uma experiência na área da saúde de 31 anos e no cargo de diretora de serviços de gestão de utentes esteve cerca de 21 anos, razão pela qual, de entre outras, foi nomeada novamente", afirmou.

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