Quercus diz que Tiago Martins tem perfil para coordenar Estrutura de Missão

por Lusa

A Quercus considerou hoje que Tiago Martins de Oliveira tem um perfil adequado para coordenar a unidade de Missão sobre fogos florestais, mas defendeu que este órgão deve integrar outras estruturas, como as ambientais.

Tiago Martins de Oliveira, de 48 anos, vai ser hoje empossado como presidente da Estrutura de Missão para a instalação do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais, que tem como um dos principais objetivos a preparação e execução das recomendações constantes do relatório da Comissão Técnica Independente nomeada pelo parlamento.

Em declarações hoje à agência Lusa, o presidente da Quercus, João Branco, disse que apesar da ligação de Tiago Martins de Oliveira à indústria das celuloses, este tem habilitações para liderar a Missão.

"Há essa questão das ligações à Portucel, mas ele é um técnico que tem credenciais e habilitações para coordenar, liderar a Estrutura de Missão, portanto, profissionalmente tem o perfil adequado, mas o que nós achamos é que esta estrutura deve integrar vários setores da sociedade, nomeadamente das organizações não-governamentais, como as do ambiente", disse.

No entender de João Branco, só a integração de vários setores da sociedade na Estrutura de Missão podem garantir um "equilíbrio de interesses".

O ambientalista lembrou que existe um sistema de certificação florestal muito conhecido em que a sustentabilidade da floresta assenta em três pilares: o económico, o social e o ambiental.

"Faz todo o sentido que na Estrutura de Missão pelo menos como órgão consultivo estejam representados estes pilares porque senão corremos o risco de as pessoas seguirem as suas ideias, sem ouvir a dos outros", salientou.

João Branco recordou também que o setor florestal é muito complexo, com milhares de realidades diferentes que vão desde o eucalipto aos sobreiros, aos matos nas zonas mais e menos povoadas.

"É necessário que esta Missão seja uma estrutura multidisciplinar e que integre as várias correntes: a que aposta mais na conservação, a corrente que aposta mais na biodiversidade, a que aposta na instalação e floresta autóctones e a existência de uma corrente mais produtivista porque também faz parte do sistema", disse.

Na opinião do presidente da Quercus, só assim se pode conseguir "um equilíbrio entre todas as correntes" e fazer um "plano que seja eficaz".

Segundo o Público de hoje, Tiago Martins de Oliveira é responsável desde 2016 na área da Inovação e Desenvolvimento Florestal da The Navigator Company (ex-Portucel).

Em declarações publicadas hoje no Público, o deputado do Bloco de Esquerda (BE), Pedro Filipe Soares, disse estranhar a escolha.

"Parece que o Governo não aprendeu nada mesmo nada com o que aconteceu nos últimos quatro meses(...). É surpreendente que o Governo indique para presidir a uma estrutura e para um lugar que parece ser o equivalente a secretário de Estado uma pessoa que, independentemente das suas qualidades técnicas, tenha estado ligado à indústria das celuloses, nomeadamente na Portucel na Navigator Campany, que tem tanta responsabilidade no caso em que a floresta se encontra", disse.

Pedro Filipe Soares disse ao Público que a "marca indelével da ligação às celuloses não abona a favor da independência que se exige a uma estrutura de missão.

O deputado disse ainda esperar que o primeiro-ministro repondere a escolha.

 

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