Relatório do Programa de Recuperação das Matas Litorais pronto em setembro

por Lusa

Marinha Grande, Leiria, 18 jun (Lusa) -- O relatório da Comissão Científica do Programa de Recuperação das Matas Litorais vai estar concluído em setembro, quase um ano depois dos incêndios que atingiram vários concelhos da região Centro, foi hoje anunciado.

"Até setembro, vamos apresentar um relatório conjunto com as conclusões que obtivemos para cada uma" das áreas de atuação da comissão, afirmou hoje à agência Lusa a presidente da comissão, Margarida Tomé, professora catedrática do Instituto Superior de Agronomia, à margem de uma reunião, na Marinha Grande, da comissão e do Observatório Local do Pinhal do Rei.

O acordo de cooperação para a criação da Comissão Científica do Programa de Recuperação das Matas Litorais foi assinado em 22 de janeiro, na Marinha Grande, com a presença do primeiro-ministro, António Costa.

As cinco áreas de atuação da comissão são a avaliação dos efeitos, estabilização de emergência, reabilitação, recuperação de longo prazo e participação pública e sensibilização.

O trabalho da Comissão Científica do Programa de Recuperação das Matas Litorais engloba as matas nacionais do Pinhal de Leiria, Pedrógão, Urso, Dunas de Quiaios e Dunas de Vagos, e quatro perímetros florestais, Dunas de Cantanhede, Dunas de Mira, Alva da Mina do Azeche e Alva da Senhora da Vitória. Todos estes espaços foram atingidos pelos incêndios de outubro de 2017.

Segundo Margarida Tomé, o objetivo deste programa é a análise da situação das matas e propor melhorias.

"Temos as várias áreas de atuação e para cada uma fizemos uma revisão bibliográfica de todos os conceitos de trabalho existentes, quer em Portugal, quer no estrangeiro, e depois fizemos também uma análise das metodologias que vamos propor para fazer a recuperação das matas", explicou a investigadora, referindo que se está a terminar a proposta de metodologia.

Margarida Tomé esclareceu que outra proposta passa, "quando necessário, por montar um sistema de monitorização" da mata.

"Antes já havia um sistema de monitorização, mas focava-se apenas na avaliação dos volumes da mata, não se preocupava com outro tipo de monitorizações, como seja a invasão por acácias e o estado da mata em termos de necessidade de tratamentos para o fogo", exemplificou.

A presidente da comissão científica adiantou, por outro lado, que vai ser proposto "um sistema de monitorização da biodiversidade" e, ainda, a identificação de falhas no conhecimento, para que sejam desenvolvidos projetos de investigação.

"Vamos analisar a maneira como as matas eram geridas de acordo com os planos de gestão florestal que ainda estão em vigor e ver se há necessidade de melhorar, de modificar, de alterar", acrescentou a docente.

Cinquenta pessoas morreram e cerca de 70 ficaram feridas na sequência dos incêndios de outubro de 2017 na região Centro, que também destruíram total ou parcialmente cerca de 1.500 casas e mais de 500 empresas.

Na Marinha Grande, entre outros danos, 80 por cento do Pinhal de Leiria, também conhecido por Mata Nacional de Leiria ou Pinhal do Rei, ardeu nestes fogos.

Propriedade do Estado, o pinhal tem 11.062 hectares e ocupa dois terços do concelho.

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