Presidente da Raríssimas e secretário de Estado demitem-se

por RTP
Manuel Delgado abandona o executivo na sequência das denúncias sobre a gestão da Associação Raríssimas Tiago Petinga - Lusa

O secretário de Estado da Saúde está de saída do Governo. Manuel Delgado abandona o executivo na sequência das denúncias sobre a gestão da Associação Raríssimas. Paula Brito e Costa, presidente da associação, está igualmente de saída da instituição.

Ao jornal Expresso, a presidente da Raríssimas diz estar a ser alvo de uma cabala. "A minha presença já está a afetar a instituição e tenho de sair. Esta é uma cabala muito bem feita", afirma Paula Brito e Costa ao jornal.

Uma reportagem da TVI revelou este fim de semana os gastos luxuosos e o abuso de dinheiros públicos alegadamente praticado por Paula Brito e Costa.

A presidente deixa à Justiça o apuramento da verdade. "Deixo à Justiça o que é da Justiça, aos homens o que é dos homens e ao meu país uma das maiores obras, mas mesmo assim saio. Presa só estou às minhas convicções", afirmou ao Expresso.

O jornal revela ainda que Paula Brito e Costa estava a negociar com o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social o seu afastamento enquanto durasse a inspeção, mas acabou por se demitir já que "não existe a figura da suspensão temporária no quadro das IPSS e, portanto, saio".

A Raríssimas já estava sem vice-presidente desde maio e fica agora sem a presidente e fundadora.

Uma petição a exigir a demissão imediata de Paula Brito e Costa ultrapassou as 11 mil assinaturas em poucas horas e a delegação centro da associação pediu esta terça-feira para ser convocada uma Assembleia-Geral.
Manuel Delgado foi consultor da Raríssimas
A notícia da TVI implicava também Manuel Delgado, enquanto consultor, que receberia pela sua colaboração cerca de três mil euros mensais, numa altura em que a instituição passava graves dificuldades financeiras.

Ao todo, Manuel Delgado recebeu da Raríssimas 63 mil euros entre 2013 e 2014, para ajudar a preparar a abertura da Casa dos Marcos, a casa fundada pela Raríssimas e que acolhe cerca de 300 pessoas com doenças raras. 

Em nota enviada à imprensa no fim de semana, Manuel Delgado frisou que foi este trabalho que passou a ser remunerado, “atendendo à complexidade do projecto e às componentes técnicas à qual se pretendia dar um carácter eminentemente profissional”. 

Delgado sublinhou que aceitou o convite para fazer parte do conselho consultivo da associação “face à seriedade e robustez do projecto e aos membros que então o integraram”.

Acrescentava que, “em nenhuma circunstância” a sua colaboração com a Raríssimas “envolveu o conhecimento ou participação na análise ou nas decisões referentes ao financiamento e à gestão correntes da Instituição”.
Nova secretária de Estado nomeada
Em nota à imprensa enviada esta tarde pelo seu gabinete, o primeiro-ministro diz que "aceitou o pedido de exoneração do cargo de Secretário de Estado da Saúde do XXI Governo Constitucional de Manuel Martins dos Santos Delgado".

Acrescenta que propôs ao Presidente da República a nomeação de Rosa Augusta Valente de Matos Zorrinho para o "cargo de Secretária de Estado da Saúde do XXI Governo Constitucional".

Rosa Zorrinho vai tomar posse ainda esta terça-feira, às 19h30, no Palácio de Belém.
Inspeção geral à Raríssimas
Segunda-feira, o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, anunciou a realização de uma inspeção geral à associação, na sequência da reportagem da TVI. 

Viera da Silva, em conferência de imprensa, confirmou que a instituição estava já a ser investigada desde novembro na consequência de denúncias sobre alegados incumprimentos dos estatutos das IPSS por parte da direção.

O ministro, que foi igualmente vice-presidente da Raríssimas sem funções executivas entre 2013 e 2015, negou contudo ter sido informado de acusações de gestão danosa que estiveram na base da reportagem.
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