Sindicatos dos motoristas sem acordo entregam pré-aviso de greve

por Lusa
A hipótese de greve dos camionistas de matérias perigosas volta a estar na ordem do dia RTP

Os sindicatos representativos dos camionistas não chegaram a acordo com a ANTRAM e entregaram um pré-aviso de greve, com início em 12 de agosto, após uma reunião, na última segunda-feira, de quase cinco horas, sob a mediação do ministério do Trabalho.

Os representantes dos motoristas pretendem um acordo para aumentos graduais no salário-base até 2022: 700 euros em janeiro de 2020, 800 euros em janeiro de 2021 e 900 euros em janeiro de 2022, o que com os prémios suplementares que estão indexados ao salário-base, daria 1.400 euros em janeiro de 2020, 1.550 euros em janeiro de 2021 e 1.715 euros em janeiro de 2022.

Os sindicatos Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) acusam a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) de já ter aceite este acordo e de agora estar a voltar atrás na decisão, o que a ANTRAM desmente.

À saída da reunião, que decorreu em Lisboa, o vice-presidente do SNMMP, Pedro Pardal Henriques, disse que, uma vez que não há acordo com a ANTRAM, a greve de abril vai ter continuidade.



Por sua vez, o advogado e representante da ANTRAM, André Matias de Almeida, devolveu as acusações, atribuindo o falhanço das negociações aos sindicatos que entregaram o pré-aviso de greve.

"A ANTRAM está sempre disponível para negociar, como negociou, mas ninguém pode negociar sob ameaça e sob pressões constantes de pré-aviso de greve", afirmou aos jornalistas o representante daquela associação.



"O que estava em cima da mesa por parte da ANTRAM era um aumento de 300 euros para o próximo ano, o Sindicato das Matérias Perigosas quer discutir uma greve para este ano relativamente a um aumento que não negociou para 2022", declarou André Matias de Almeida.

Relativamente à Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS), também presente na reunião no Ministério do Trabalho e que não entregou pré-aviso de greve, as negociações para aumentos salariais vão prosseguir, como confirmou José Manuel Oliveira desta estrutura sindical.



Recorde-se que o SNMMP foi criado no final de 2018 e tornou-se conhecido com a greve iniciada no dia 15 de abril, que levou o Governo a decretar uma requisição civil e, posteriormente, a convidar as partes a sentarem-se à mesa para negociações.

A elevada adesão à greve de três dias surpreendeu todos, incluindo o próprio sindicato, e deixou sem combustível grande parte dos postos de abastecimento do país.

Segundo fonte sindical, existem em Portugal cerca de 50.000 motoristas de veículos pesados de mercadorias, 900 dos quais a transportar mercadorias perigosas.
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