Trabalhadores da Raríssimas alertam que associação está em risco por falta de acesso ao dinheiro

por RTP
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Os trabalhadores da Raríssimas alertam que a associação está atualmente em sério risco. Os funcionários reclamam que não têm acesso às contas bancárias. “Não temos dinheiro unicamente porque não temos acesso a ele”, afirmou a representante em conferência de imprensa. Os funcionários pedem que o primeiro-ministro nomeie uma equipa para assumir provisoriamente a gestão da casa.

Os trabalhadores da Raríssimas alertam que a associação atravessa uma “situação muito grave que urge denunciar”. Em representação dos trabalhadores, a funcionária Manuela Duarte Neves sublinhou o papel da Raríssimas no tratamento de doenças raras.

“Esta casa foi feita com a ajuda de todos os portugueses, de todos nós. Dos funcionários, dos jornalistas, de todo o povo português que pagou impostos para que ela fosse construída. Ela funciona e funciona bem”, afirmou, numa referência à Casa dos Marcos, a principal obra da Raríssimas.

Os trabalhadores avisam que esta obra está agora em risco pela polémica que envolve a ex-presidente e pelas suas repercussões, nomeadamente a inexistência de uma direção. “Não temos uma direção que possa tomar as medidas necessárias para que os nossos atos do dia a dia sejam validados, sejam legitimados e possamos continuar a funcionar”, afirmou Manuela Duarte Neves.

“Corremos o risco de fechar porque não temos dinheiro sequer durante muito tempo para dar de comer aos nossos doentes. Não temos dinheiro durante muito tempo para dar medicamentos aos nossos doentes. Não temos dinheiro, ouçam bem isso, unicamente porque não temos acesso a ele”, explicou a representante dos funcionários da instituição.
Apelo a António Costa
Os trabalhadores lançam por isso um apelo ao primeiro-ministro. “A nossa casa está a funcionar e bem. Não deixe que a nossa casa feche. Não deixe que os nossos doentes fiquem parados porque quem tem acesso a contas bancárias não nos quer dar”, afirma.

“Envie para esta casa uma comissão de gestão, uma direção provisória que possa fazer funcionar esta casa até que os meios legais e estatutários possam funcionar”, apela a António Costa.

“Ouvi-o esta manhã, o senhor estava bem-disposto. Arranje maneira de nós ficarmos bem-dispostos também. Ajude-nos a terminar o ano como o senhor gosta, como deve ser e com a casa a funcionar”, pediu.

Respondendo a perguntas dos jornalistas, Manuela Duarte Neves explicou que os funcionários querem uma equipa provisória que “não tenha conflito de interesses, que seja idóneo e competente para que a casa funcione”.
Alegado uso indevido de verbas
A associação Raríssimas vive dias difíceis na sequência da reportagem emitida pela TVI no passado sábado. O trabalho jornalístico denuncia o alegado uso, pela presidente, de dinheiro da associação de ajuda a pessoas com doenças raras para fins pessoais.

Na reportagem era também adiantado que o secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, foi contratado entre 2013 e 2014 pela associação "Raríssimas", com um vencimento de três mil euros por mês, tendo recebido um total de 63 mil euros.

Paula Brito e Costa e Manuel Delgado anunciaram na terça-feira que se demitiam dos respetivos cargos.
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