Um terço dos refugiados no mercado de trabalho

por Antena 1

Fotografia: José Sena Goulão - Lusa

Quase um terço dos refugiados adultos acolhidos por Portugal já estão no mercado de trabalho. Essa é pelo menos a estimativa avançada à Antena 1 pelo Governo. Até agora Portugal recebeu 1.453 pessoas ao abrigo de um acordo alcançado em Bruxelas. O ministro adjunto Eduardo Cabrita fala num sucesso relativo na integração destas pessoas, ainda assim faz uma avaliação positiva do programa.

Até ao mês de setembro são cerca de 700 os pedidos espontâneos de proteção internacional em Portugal, um número que iguala o total de 2016. Estão em causa as pessoas que chegam às fronteiras portuguesas, em particular aos aeroportos, e fazem um pedido de proteção ao Estado português.

"Em nove meses [2017] estamos a atingir aquilo que foi o número do ano passado. Nós tivemos 706 pedidos em 2016 e, em 2017, em nove meses atingimos esse nível. Nós temos uma taxa de integração de adultos no mercado de trabalho de cerca de 30 por cento", disse à Antena 1 o ministro adjunto.
"Ao fim de um ano, um ano e meio, a taxa de integração no mercado de trabalho, eu não diria que é um sucesso. Sucesso é se estivessem todos mas é uma taxa que cria condições para uma avaliação muito positiva do programa", concluiu o ministro adjunto.
Eduardo Cabrita adiantou ainda que a uma taxa é muito positiva mas ressalva que são apenas números. "Será injusto comparar com países que têm números de refugiados muito superiores mas é superior às taxas existentes na Alemanha ou na Áustria".

No dia em que termina o prazo de dois anos para que os requerentes de asilo que chegam à Grécia e a Itália entrem no programa de recolocação da Comissão Europeia, o Governo faz um balanço positivo do programa de acolhimento português mas admite que a resposta da Europa à crise migratória não tem sido a melhor.

Oiça aqui a entrevista completa ao ministro adjunto Eduardo Cabrita

Eduardo Cabrita participou na segunda-feira na sessão comemorativa do 26.º aniversário do Conselho Português para os Refugiados (CPR), uma organização não-governamental a quem fez um "agradecimento genuíno em nome do Governo português" por ajudá-lo no que considera ser "uma missão" do país.
"De braços abertos"
"É uma missão que tem problemas, que tem, aqui e ali, insucessos, mas Portugal tem estado do lado certo desta história, tem estado de braços abertos, tem acolhido, tem tentado integrar", referiu o ministro, na sessão realizada no Centro de Acolhimento para os Refugiados da Bobadela, no concelho de Loures.

Além dos cerca de 100 refugiados que em breve chegarão a Portugal, o ministro Adjunto sublinhou que o país manifestou já disponibilidade junto da Grécia e de Itália, primeiro país de acolhimento, para receber até ao final deste ano todos aqueles que integram a quota portuguesa.

"Neste momento, somos o quinto país da União com maior número de refugiados acolhidos no âmbito do programa de recolocação, e o que nós homenageámos hoje aqui foi a forma como Portugal organizou o acolhimento, com uma participação da sociedade civil, de instituições como o CPR e outras e das comunidades locais", disse Eduardo Cabrita, salientando que "existem refugiados acolhidos em 97 municípios portugueses" o que demonstra que "esta é uma causa que tem unido os portugueses".
Pedidos espontâneos em crescimento
Questionado sobre a resposta das autoridades no caso destes pedidos espontâneos, o ministro sublinha o esforço do Conselho Português para os Refugiados "que vai, brevemente, iniciar obras para duplicar a capacidade de acolhimento", bem como outras instituições como o Serviço Jesuíta aos Refugiados que vai começar a participar no acolhimento de requerentes de asilo a título espontâneo.

Fonte do ministério da Administração Interna adiantou à Antena 1 que, até ao final da próxima semana, há previsão de chegada a Portugal de cerca de 40 recolocados da Grécia e 20 de Itália.

Até hoje, Portugal recebeu 1.453 refugiados vindos da Grécia e de Itália ao abrigo do programa de recolocação, quase metade dos 2.951 refugiados que se propôs receber.

Há também dados sobre as pessoas que foram acolhidas em Portugal e abandonaram o país. De acordo com o ministro Adjunto, 319 pessoas foram identificadas noutros países, sobretudo, na Alemanha. Em sentido inverso, nota para 22 regressos de refugiados a Portugal, sendo que, acrescenta Eduardo Cabrita, "está em curso a possibilidade de outros regressos".

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